"Fuck it, Dude, let's go bowling."

Depois de tanto, taaaaaaaaaaanto tempo e tanto enrolar, O Grande Lebowsky entrou na minha vida. Quer dizer, "Dude" Lebowsky entrou, com todo o seu jeito... dude de ser e ver a vida. E o mais incrível é como esse foi um filme que veio carregadíssimo de expectativas e, felizmente, atingiu e se não as superou. E Jeff Bridges é foda, mesmo sem ter visto Crazy Heart ainda.

Não é só por ter morado nos EUA e ter visto, claramente, em diversas cenas uma grande e fina ironia pelo apelido "Dude, que é tantas vezes repetido no filme e na vida real, como todo mundo se chama por lá, do mais pobre ao mais rico. Pode ser qualquer um, e pra mim é daí que vem a grande sacada do nome do sujeito, especialmente pelo estilo de vida que ele leva. Parece que, curiosamente, o filme tem um certo status de cult nos EUA muito maior do que aqui, a ponto de pessoas se reunirem em convenções à Star Wars pra falar sobre o filme e, bem, o estilo "dudiano" de viver. Pra que mesmo, se o Dude é uma bela representação do white American trash, colocado numa roupagem meio Raymond Chandler? Assim, eu quero dizer que lá tem gente demaaaaaaaais da conta que é simplesmente um Dude mas nem sabe, e aqui também, e ele é um ponto de exagero cômico, mas estranhamente perto da realidade pra algumas pessoas, nem que seja aquela que elas repudiam ("The bums will always lose!") ainda que admirem quando é o Jeff Bridges.

E o John Goodman, como o Walter? Fantástico, com o trauma que os americanos (espcialmente os veteranos, os armamentistas até falar chega) têm com o Vietnã mesmo em coisas que não tem nada a ver! Steve Buscemi sempre ótimo, ainda mais quando tão perdido nas conversas e com um fim tão "do nada" que dá o toque de surrealidade para os diálogos que, na real, não têm nada com nada. ("What the fuck are you talking about?") Julianne Moore que o diga, mas ainda não sei se fiquei meio que com repulsa pelo papel dela ou meio que apaixonado. São tantas caricaturas no filme (os alemães niilistas paródias do Kraftwerk e o inglês deles, além do sempre ótimo John Turturro como Jesus, são espetaculares!) que fica difícil dizer qual delas é a melhor. Nesse sentido, até me lembrei um pouco de Napoleon Dynamite, pelo humor que não é tão... óbvio, mas pela coisa caricatural, humor um pouco mais sutil, especialmente mirado nos americanos. Seria mais ou menos como ficar fazendo piada com a classe média brasileira, como o saudoso Caco Antibes falando de pobre ele sendo um, mas sem as risadas de fundo, e sem a cara e o momento pastelões.

Claro, O Grande Lebowsky é (mais) uma obra-prima dos irmãos Coen, e de longe melhor que o coitado do Napoleon (apesar do incrível "Gosh, frigging idiot!"), mas é filme pra ser visto mais de uma vez. Pra se ter em casa, e assistir, quem sabe, tendo uma ocasional viagem de ácido. Quem sabe assim o estilo de vida "dudista" bate, nem que seja por alguns minutos, ou horas.
1 Response
  1. Bell Says:

    Dude! é, mais umas 5 garrafas de vinho também dava jeito, vai? rs
    o capitão do Vietnã é sensacional também. ainda bem que existem americanos atores para mostrar o lado americanizado sem ofender - muito...