tag:blogger.com,1999:blog-71333445014874774092024-02-21T09:59:29.075-03:00Quase CinéfilosUm blog sobre cinema e a vida, por quem acha que (quase) manja de cinema.Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.comBlogger77125tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-51787047760319187402013-04-24T14:09:00.001-03:002013-04-24T14:12:29.291-03:00"What we take for granted might not be here for our children."<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYquq18KYLpLzLJwKxu9vWwcenCemBwfDwjxWRos-EGFNEgQWxF1zfPqIZZWhrKzcwm18GAl9El_YaaRBo8J5wPQI-nkLJVwDMuViPBc-SUcuHm8qEN8r3ARX0jEv9RYh89FOWF-bhkd-r/s1600/an-inconvenient-truth-movie-poster-2006-1020373829.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYquq18KYLpLzLJwKxu9vWwcenCemBwfDwjxWRos-EGFNEgQWxF1zfPqIZZWhrKzcwm18GAl9El_YaaRBo8J5wPQI-nkLJVwDMuViPBc-SUcuHm8qEN8r3ARX0jEv9RYh89FOWF-bhkd-r/s200/an-inconvenient-truth-movie-poster-2006-1020373829.jpg" width="126" /></a>O que você anda fazendo para ajudar a mudar nosso planeta, hein?</div>
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Lembrando que não é preciso ser o ex-Presidente da nação mais poderosa e poluidora que o mundo já viu, nem um grande empresário. E também que não são apenas as grandes e majestosas ações que fazem a mudança tão verdadeira quanto necessária. Cada um tem uma parte, desde nossos votos nas eleições até nosso dia-a-dia.<br />
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E hoje, você já fez alguma coisa?<br />
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<a href="http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=being-green-11-enviro-habits">http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=being-green-11-enviro-habits</a></div>
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<a href="http://atitudesustentavel.uol.com.br/blog/tag/habitos-sustentaveis/">http://atitudesustentavel.uol.com.br/blog/tag/habitos-sustentaveis/</a></div>
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<a href="http://super.abril.com.br/blogs/ideias-verdes/"></a></div>
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Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-5210530147776951252013-04-05T15:53:00.001-03:002013-04-05T15:53:18.888-03:00"I've seen every possible ending."<div style="text-align: justify;">
Em 2007, Nicolas Cage, já meio careca / meio cabeludo, fez um filme chamado <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0435705/">O Vidente</a></i> (<i>Next</i>), que é bem meia-boca. Ele é um mágico (Frank Cadillac, sério?) de Las Vegas que consegue ver coisa de 2 minutos no futuro, e acaba sendo recrutado pelo FBI, depois de muita peleja, para ajudar a descobrir quem foi que levou uma bomba atômica (ou algo assim) para os EUA, e como podem ser impedidos. E... é isso. Ah, e a Jessica Biel tá um pitelzinho.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEippOH60E6w9UMnGlMDr9L2sn8_d_ANI6z1aCSBiabcpRc8YSSmLwt6txNZeNuZiQz7UaOnWLasX6Q3cAEAC4_Eh3zvu6DnPUYK4shnRzrngtKHbZq6RrghlnTUOUaXYz9a8BE3qxT2CNCo/s1600/next.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEippOH60E6w9UMnGlMDr9L2sn8_d_ANI6z1aCSBiabcpRc8YSSmLwt6txNZeNuZiQz7UaOnWLasX6Q3cAEAC4_Eh3zvu6DnPUYK4shnRzrngtKHbZq6RrghlnTUOUaXYz9a8BE3qxT2CNCo/s200/next.jpg" width="134" /></a>E daí que o filme tem essa premissa de ver no futuro, que é interessante e tal, foi baseado num conto do ótimo Philip K. Dick, mas dá pra imaginar um uso bem mais legal para o dom que o mágico tem no filme. São só 2 minutos, certo? Pois então, que tal poder ver esses minutos nos futuros em que você falasse aquelas coisas que sempre quis dizer pras pessoas, ver suas reações, e depois simplesmente voltar ao presente, antes de dizer?</div>
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Vamos exemplificar:</div>
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1. O namorado novo da menina chega em casa, e ela vai se trocar. Ele senta na sala, com os pais da garota, todo mundo sendo agradável, aquela coisa. De repente, ele vira e solta algo como um "Só pra avisar, já tracei sua filha, inclusive na cama de vocês, e ela gosta de quatro". Silêncio sepulcral. Os pais podem se insurgir, podem não falar nada, ou o pai ainda pode soltar um "Háh, a menina puxou pra mãe".</div>
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2. O empregado entra na sala do patrão e, sem mais nem menos, sem nenhuma explicação, lhe enfia o maior tapão na cara. Com gosto, mão espalmada, daqueles que deixam marca e fazem barulho ardido - praticamente uma raquetada de palma. Seria mais ou menos como Adam Sandler faz em <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0389860/?ref_=sr_1">Click</a></i> (2006), mas sem pausar, com toda a ação rolando, e o patrão sabendo que foi o empregado quem lhe acertou.</div>
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3. (essa é muito mais de menino) O estagiário entra numa reunião com cliente importantíssimo e, no meio da dita cuja, depois de dar aquele <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxu1zWdXGbxgG0xqVCI_s_miKfcRBhaGbPvEgNTiBuTtOFqkg3mhJBP2oYfv6ODNoMw0dKcWzpFT7exmDHEcHhK7YiTa4boBrj_oX6LzyfL3JgcmmdO8z_QpNGR5NTi4Jth9CL55J08m1V/s1600/baboob-yawn_2403843k.jpg">bocejo digno de um babuíno</a> (esse link vale a pena), dá uma ajeitada na cadeira, e solta um sonoro e malcheiroso peido. E faz aquela cara de "Que foi?" quando todo mundo olha pra ele.</div>
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Só que nada disso realmente acontece, você simplesmente vê essas reações tão diversas quanto divertidas. Diariamente dá pra pensar nisso, e ficar passando vontade, e não só com essas situações tão absurdas quanto cômicas, mas também em algumas mais sérias. Outro exemplo:</div>
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4. A namorada vira para o namorado e, na lata, lhe conta que foi infiel, que está só a fim desse outro, e que não tem muita certeza de que quer estar com ele, mas também não tem motivos pra terminar. A conversa começa assim, e os tais 2 minutos seriam insuficientes pra DR que viria depois, mas tomar a decisão de fazer uma confissão dessas requer colhões - ou peito, depende de quem vai ter que fazer.</div>
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Até caberia aqui alguma discussão sobre como na vida precisamos agir assim de vez em quando, simplesmente colocar as coisas pra fora sem pensar demais nas consequências, sermos honestos e tal, mas o legal mesmo de ter o tal dom do Frank Cadillac (ou Chris Johnson, que é o nome real do personagem) seria poder ver essas reações, tantas quantas fossem, algumas delas tão mais honestas do que nossas máscaras diárias permitem.</div>
Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-21751646046734103942013-03-15T08:08:00.001-03:002013-03-15T09:00:22.380-03:00"C'mon. Lets go be psychos together!"<div style="text-align: justify;">
Assistir a <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt1659337/?ref_=sr_1">As Vantagens de Ser Invisível</a></i> (2012) dá uma sensação de nostalgia muito forte, doída até. Daquela época em que fazemos alguns daqueles que serão nossos melhores amigos. Descobrimos livros e músicas, que passam a ter significados maiores do que simples entretenimento. Temos as primeiras de tantas experiências. Conseguimos ser sinceros sem medo das consequências, a ponto de machucar pessoas. Somos ingênuos, <i>and that's ok</i>.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQgPZl4HJnBTvifwM9Ej5sjHFX1CiR5npocjTwOs_WdtqqF8sftnovNRympMe1_UBsomurJ1wfBin5PyOc59BpSuiqwPtl1Zr6sxRwzPhYaEkfSc7eRJMF_O4torxloMDrAUk363Zs6-q9/s1600/hr_The_Perks_of_Being_a_Wallflower_8.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQgPZl4HJnBTvifwM9Ej5sjHFX1CiR5npocjTwOs_WdtqqF8sftnovNRympMe1_UBsomurJ1wfBin5PyOc59BpSuiqwPtl1Zr6sxRwzPhYaEkfSc7eRJMF_O4torxloMDrAUk363Zs6-q9/s200/hr_The_Perks_of_Being_a_Wallflower_8.jpg" width="178" /></a>E por ser um filme que aborda o lado dos <i>outcasts</i>, ou <i>"misfit toys</i>", como o próprio Charlie define, as coisas ficam mais interessantes. Mais reais, porque são sobre pessoas que conseguem ver o que está acontecendo ao seu redor e pensar sobre isso, mesmo que seja demais. Aquele garoto que fica quieto no canto dele, e que todos acabam por achar meio estranho, com um livro no colo o tempo todo. Nada de garotões e meninas bonitas, ou mesmo as <i>geek</i> gatinhas que ninguém percebe até uma determinada festa, geralmente o baile de formatura. Gente que se reconhece e se aproxima, até num gesto de sobrevivência necessário.</div>
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Claro que há um senhor esteriótipo nisso, que hoje é até mais possível por causa da ascensão dos <i>geeks</i> e dessa coisa de ser <i>cool</i>, ou algo assim (Sam já mais interessante, porque ela consegue transitar entre os "mundos", enquanto Charlie e Patrick já são mais restritos, ou mesmo Brad faz um tipo). Gente que antes era só aloprada passou a ser legal, e virou até meio modinha ser "diferente", ainda que nessa tanta gente acabe sendo mais forma do que conteúdo, até porque a própria ideia de "diferente" pode ser questionada, já que... bem, tem muita gente querendo ser, então não seria igual?</div>
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Mas Charlie, Patrick e Sam (a propósito, esqueça Hermione e se apaixone por ela, é impossível resistir) vão além disso. Fica difícil não se lembrar de Holden Caufield, resguardadas as devidas proporções; mas o <i>bildungsroman</i> (rápido e rasteiro, um romance de aprendizagem ou formação) é bastante gritante, e uma delícia de acompanhar, ao mesmo tempo que faz qualquer um se lembrar das próprias experiências ou lamentar por aquelas que não teve, que deixou passar por motivos que na época pareciam tão importantes e hoje são ignorados.</div>
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O negócio é que o filme é meio doído de ver, e não só por causa de alguns choques que ele pode causar com elementos bem pesados, mas por se ver nele, e por ver outros que estão sendo.</div>
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E também porque gente que diz gostar tanto de música boa demora horrores pra descobrir David Bowie. Essa não dá pra engolir, na era do Google. Sério.</div>
Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-70730231665294524002013-02-04T16:30:00.002-02:002013-02-04T16:32:28.264-02:00"But guess what? Sunday's my favorite day again."<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQlmN4AOCzyYREux5kCDH8_jSH6XdSs6J9QLcyg9PxdL2s0Fdovjcqngspl9wqe8a6MeurKBh3YhsJNl00uZMA6aDcmF6VkUtuYAy1dNeHGv32xp82RlhI-iFoT5bsvgo7QMTUXRBRww0F/s1600/silver_linings_playbook.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQlmN4AOCzyYREux5kCDH8_jSH6XdSs6J9QLcyg9PxdL2s0Fdovjcqngspl9wqe8a6MeurKBh3YhsJNl00uZMA6aDcmF6VkUtuYAy1dNeHGv32xp82RlhI-iFoT5bsvgo7QMTUXRBRww0F/s200/silver_linings_playbook.jpg" width="135" /></a>Talvez a indicação para o prêmio de melhor filme de <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt1045658/">O Lado Bom da Vida</a></i> (2012) seja comparável àquela de <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0119822/">Melhor É Impossível</a></i> (1997), justamente por não serem duas mega produções, daquelas que levam as estatuetas por histórias mirabolantes ou pelo menos grandiosas. Ao menos é o que parece, inicialmente: não tem navio naufragando, e não se trata da história do presidente mais mitológico dos Estados Unidos, ou mesmo de um resgate espetacular realizado por - surpresa! - norte-americanos.</div>
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E são dois daqueles filmes cujos méritos estão, logo de cara, na escolha do elenco, mais do que apropriado para contar histórias que podem parecer simples mas que, na verdade, são humanamente grandiosas - e são histórias de amor, em ambos os casos. Ninguém aqui seria louco de colocar Bradley Cooper no mesmo patamar de Jack Nicholson, ainda que ele esteja melhorando cada vez mais. Jennifer Lawrence, no alto dos seus 22 anos, tem mais potencial de que Helen Hunt, que levou um merecidíssmo prêmio naquele ano, e temos um elenco de primeira como coadjuvantes: hoje, Robert De Niro, voltando a se destacar; em 1997, Greg Kinnear e Cuba Gooding Jr., surpreendentes e talvez sem nunca mais repetir atuações tão boas.</div>
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Mas bons atores não fazem verão, sozinhos. É impressionante como os dois filmes tratam de um gênero que é um perigo para clichês bobos, e melosos, sem (praticamente) nunca caírem neles. <i>O Lado Bom</i> ainda tem um agravante perigoso que é uma competição de dança, evento já explorado por Jennifer Lopez e outros tantos que... bem, são bonitinhos mas limitados. E essa parte é até bem previsível, mas mesmo assim não estraga o filme, longe disso. O enredo todo é tão bem construído, tão bem conduzido que você acaba por, pelo menos, estar disposto a ver um <i>happy ending</i> sem achar que isso vai ser um truque barato para agradar à audiência.</div>
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Isso porque são daquelas histórias tão possíveis, tão reais, e com pessoas (não ouso dizer "personagens") tão carismáticos, em situações tão possíveis e crivadas de possível que chega a deixar de ser filme, simplesmente. A ficção ganha ares de realidade a ponto de se querer o bem daquelas pessoas, que merecem mesmo coisas melhores. Que merecem uma chance de consertar, de arrumar a própria vida, que não foi arrasada por alienígenas, nem por mafiosos malvados ou supervilões: os únicos vilões são eles próprios, e seus problemas de vida real. Um <i>mental breakdown</i>, um marido que morre cedo demais, uma maternidade solteira, sérios transtornos obsessivo-compulsivos.<br />
<br />
São filmes de e sobre gente que reconhece no outro alguém que é tão imperfeito quanto si mesmo, e por isso algo pode acontecer ali, por isso pode dar certo. A vida ganha outro sentido, entra nos eixos, e coisas simples, como jantares e elogios, ou jogos de futebol aos domingos, passam a ser tão importantes em dar à vida aquela perspectiva positiva, aquele lado bom.</div>
Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-82069429965811349992013-01-15T13:35:00.002-02:002013-02-04T15:19:54.204-02:00"Gostei do cabra."<div style="text-align: justify;">
Apesar do que se lê sobre <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt2190367/?ref_=fn_al_tt_1">O Som ao Redor</a></i> (2012), fica difícil "encaixar" o filme naquele tradicional fio narrativo que compõe<i>, give or take</i>, 90% dos filmes a que se assiste. A sinopse oficial traz o seguinte:</div>
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<br /></div>
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"<span style="background-color: white; font-family: Tahoma, Lucida, Arial, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 18px;">A presença de uma milícia em uma rua de classe média na zona sul do Recife muda a vida dos moradores do local. Ao mesmo tempo em que alguns comemoram a tranquilidade trazida pela segurança privada, outros passam por momentos de extrema tensão. Ao mesmo tempo, casada e mãe de duas crianças, Bia (Maeve Jinkings) tenta encontrar um modo de lidar com o barulhento cachorro de seu vizinho.</span>"</div>
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<br /></div>
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E daí lá vai o espectador médio, aquela pessoa que curte ir ao cinema e ver filmes, com certa expectativa, considerando que o filme está bem cotado, muita gente comentando. Cinema brasileiro de qualidade, certo? Pois é, certíssimo!, mas a grande maioria das pessoas vai ter aquela reação de que acabou de ver um filme que não fala sobre nada, promete muito e não cumpre (é inegável a sensação no filme de que sempre vai acontecer alguma coisa), e que é uma bosta. Ou que é complexo demais, não deu pra entender Fuleco nenhum do que aconteceu.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAXvJdAO74YwJgZ__OJN3FU48lPoUG4fVpmmp-1tdNuLlb26xx74tjI2wzj_7EoaUq3IKTZriPln_u-RA2z6cLUrllQXvV9np0SOuJoPLNyndm5oMUfmJPuAbYaNwV4C4CNrDM2leGg1bX/s1600/O+SOM+AO+REDOR.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAXvJdAO74YwJgZ__OJN3FU48lPoUG4fVpmmp-1tdNuLlb26xx74tjI2wzj_7EoaUq3IKTZriPln_u-RA2z6cLUrllQXvV9np0SOuJoPLNyndm5oMUfmJPuAbYaNwV4C4CNrDM2leGg1bX/s200/O+SOM+AO+REDOR.jpg" width="152" /></a>Por que será que é tão difícil ser entretido pelo cotidiano, pelo nada que muitas vezes ocupa nossas vidas? Não é todo dia que um grande amor acontece; não é todo dia que alguém é sequestrado, e um grande herói parte em seu resgate; não é todo dia que temos desastres naturais e a frenética luta pela sobrevivência que se segue; não é todo dia que um grupo na escola decide fazer uma aposta, ou uma viagem, que mudarão a vida de todos os envolvidos; nem todo dia ciclos se fecham. Muitas vezes nossos dias são tão pacatos e "sem nada" quanto podem ser, com o cachorro do vizinho, a reunião de condomínio, a caminhada noturna, a festinha de aniversário, o sonho esquisito no meio da noite.</div>
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<br /></div>
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Mas também os detalhes fazem toda a diferença, em termos da narrativa, mesmo porque entrar no mérito do som do filme exige certo conhecimento técnico que pode minar qualquer comentário, por mais que seja gritante (háh!) a importância do recurso sonoro. São esses detalhes que mostram, de forma incrivelmente sutil, que o filme tem, sim, seus ciclos e que eles são concluídos; um dos quais é, sem dúvida nenhuma, o mais importante. Mas é um fechamento sutil, tanto quanto o começo, este numa foto que praticamente passa despercebida, e só quem é mais atento pra chamar a atenção, mesmo que 4 ou 5 dias depois.</div>
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Isso porque um filme sobre "nada" consegue ser daqueles que incomodam, levam a uma reflexão que dura dias. Sempre ali, incômodo, pronto pra dar uma pontada de que ainda existe mais por trás do que se viu, e que é um exercício até mesmo sobre nosso cotidiano "sem graça", em que não acontece nada - o que também é retratado no badaladíssimo <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0498120/?ref_=fn_al_tt_1">Medos Privados em Lugares Públicos</a></i> (2006), ou em tantos outros, mas que sempre se apoiam sobre acontecimentos fora do normal, que nos fazem parar a vida pra pensar, quando, na verdade, isso acontece todo dia, a toda hora.</div>
Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-38552949301028133752012-12-30T18:17:00.000-02:002012-12-30T21:54:51.028-02:00"Je ne veux rien."<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBESq9jxkYHCrw2WxgFnJvyy6gAZawNL9xlSbfEd8bXUKhMPh5FEq7wgTK3Zw9opFAo7nKXUpSLsjD5IVD-lj7FzVMtHPD_HUzNYbhSmu93Ms7uTgsf4Fu81JIvg5Kpwe4a_FU1hWAH1vP/s1600/redposter1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><br /></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBESq9jxkYHCrw2WxgFnJvyy6gAZawNL9xlSbfEd8bXUKhMPh5FEq7wgTK3Zw9opFAo7nKXUpSLsjD5IVD-lj7FzVMtHPD_HUzNYbhSmu93Ms7uTgsf4Fu81JIvg5Kpwe4a_FU1hWAH1vP/s1600/redposter1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBESq9jxkYHCrw2WxgFnJvyy6gAZawNL9xlSbfEd8bXUKhMPh5FEq7wgTK3Zw9opFAo7nKXUpSLsjD5IVD-lj7FzVMtHPD_HUzNYbhSmu93Ms7uTgsf4Fu81JIvg5Kpwe4a_FU1hWAH1vP/s200/redposter1.jpg" width="146" /></a>O polonês Krzysztof Kieslowski tem três filmes conhecidos como "A Triologia das Cores", e parece ser consenso que <em><a href="http://www.imdb.com/title/tt0111495/">A Fraternidade é Vermelha</a></em> (1994) é o melhor dos três, sendo, inclusive, aquele que fecha os filmes, que podem/devem ser vistos na ordem das cores da bandeira francesa. São todos filmes interessantíssimos, que discutiam questões pertinentes à União Européia já nos anos 90, e que hoje continuam igualmente pertinentes, talvez até mais... obrigado, crise!<br />
<br />
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Mas não dá pra sequer comparar com "triologias" mais novinhas, como <em>Crepúsculo</em>, e nem com aquelas que são tão legais, como <em>De Volta Para o Futuro</em> ou mesmo <em>O Senhor dos Anéis</em>, porque os conteúdos não têm absolutamente nada a ver. E, sinceramente, nem vale a pena, mas o ponto é outro. Dá pra conciliar as duas coisas? Quer dizer, dá pra assistir aos filmes do Kieslowski, por exemplo, ou mesmo do Bergman, Fellini, Kubrick, ou sei lá mais qual diretor "cult" e, no dia seguinte, sentar no sofá e ver algo tão ruim e tosco, simplesmente por pura diversão?</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWbVL7mQHKZetMOSz4fqtSZVd7S0NbUXit3mncbmgP529fPWD3iat9yIf5AosblL9UTJwFXB3rtx4gJI3M0QkMLoBtX17eAdCtE3yXAgExAGnPgzaoGJnlK4za6TtypBHj6XKVB1seo16G/s1600/battleship.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWbVL7mQHKZetMOSz4fqtSZVd7S0NbUXit3mncbmgP529fPWD3iat9yIf5AosblL9UTJwFXB3rtx4gJI3M0QkMLoBtX17eAdCtE3yXAgExAGnPgzaoGJnlK4za6TtypBHj6XKVB1seo16G/s200/battleship.jpg" style="cursor: move;" unselectable="on" width="136" /></a>É forçar a barra, mas, por exemplo, o tosquíssimo <em><a href="http://www.imdb.com/title/tt1440129/">Battleship</a></em> (2012), que supostamente deveria evocar a emoçao de jogar Batalha Naval, mas mais parece <em><a href="http://www.imdb.com/title/tt0418279/">Transformers</a></em> (2007) na água, até visualmente (o que não é nenhuma surpresa, considerando que são os mesmos produtores). É muito, mas muito ruim, de verdade, tanto que não dá pra entender por que diabos Liam Neeson está lá, além de dinheiro. Mas, assim, à sua maneira, consegue entreter por coisa de uns 60 minutos, mesmo porque não tem como assistir a tudo, é preciso pular umas partes, como os diálogos inúteis do filme, ou qualquer outro momento (até mesmo irritante, por sinal) que não seja navios atirando em navios, o que é realmente legal, até porque tudo que se tem no cinema nesse sentido são piratas pulando de um barco pro outro, e canhões disparando bolas de ferro.</div>
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São dois opostos: um filme BOM, que leva à reflexão, força a massa cinzenta, gera reações mais intensas e não superficiais, e deixa sua marca; do outro lado, um filme feito para DIVERSÃO. E qual o problema em curtir ambos? Talvez seja praticamente ser eclético para filmes, conseguir assisitir a duas coisas tão antagônicas, ainda que exista uma clara preferência por algum "tipo" - caso seja <em>Battleship</em>, é preciso procurar ajuda. Sério.</div>
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É mais ou menos como ser extremista, deixar de ver um filme de Hollywood porque ele é de Hollywood, sem nem querer saber se é bom ou ruim, e ficar o tempo todo vendo esses filmes-cabeça, muitos dos quais, convenhamos, são como ouvir Pink Floyd ou Radiohead: não dá pra fazer isso toda e qualquer hora. É preciso um certo <em>mood</em>. Ninguém chega em casa, podre de cansado, querendo esvaziar a cabeça, e coloca <em><a href="http://www.imdb.com/title/tt0060827/">Persona</a></em> (1966) só para aliviar. Claro, dá pra ser alguma comédia boa de Jim Abrahams e David Zucker, como o sensacional <em><a href="http://www.imdb.com/title/tt0080339/">Apertem os cintos... O piloto sumiu!</a></em> (1980), mas ainda assim, são filmes feitos essencialmente para divertir, como também bons filmes de ação ou aventura, um suspense e até terror.<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjw4WtrK60jRymXf9TfsNSrOF-oPjXJt9krv-Y2ifoLO0yjPL0vZ_ih5GZkLpwIQX7ZInPOZL8OxOJrQWNH5iDeeQZmfnTM5mkj1LNRXd6Hyzy_He_xxG44ChnpmILv0kAUkL_6tiEsfPtu/s1600/poster.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjw4WtrK60jRymXf9TfsNSrOF-oPjXJt9krv-Y2ifoLO0yjPL0vZ_ih5GZkLpwIQX7ZInPOZL8OxOJrQWNH5iDeeQZmfnTM5mkj1LNRXd6Hyzy_He_xxG44ChnpmILv0kAUkL_6tiEsfPtu/s200/poster.jpg" width="135" /></a>Woody Allen, genial, é um dos diretores mais versáteis, nesse sentido. Seu senso de humor é refinadíssimo, e mesmo seus filmes mais românticos, como <a href="http://www.imdb.com/title/tt1605783/"><em>Meia-Noite em Paris</em></a> (2011), são ao mesmo tempo leves e mais profundos, com cenas e personagens memoráveis, que se tornam referências.</div>
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Agora, voltando ao ponto, não tem problema nenhum em querer ver o bom e velho Arnold Schwarzenegger no que ele faz de melhor, e não tem que ser com culpa. Ter tais "pecados", ou mesmo querer sair da rotina "cult" e ver alguma porcaria no cinema, não é problema nenhum, desde que conscientemente. Nem 8, ou nada de cérebro, nem 80, só coisa cabeça, mesmo porque ser tosco de vez em quando também é saudável, mesmo que fique aquela sensação de que duas horas da vida foram desperdiçadas. Meio que tão boa quanto uma bela ressaca.</div>
Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-76771552248115953942012-12-01T01:38:00.003-02:002012-12-01T01:38:49.907-02:00"Gerry, you are a morality-free zone."<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrA7iItMhkz1oIeRN83gi0R7CqPvpj404U_bgCZtj1J3_MAd4rpL0beQAnJ7Y13O3uR9b-TsQTZn49dbqmVrXnPrDDSGj3nlQl3ZzWvmVXSswGAat4_96RBq2wrpBb4Tb_YvnjIdfT8uFL/s1600/FCD488_Sliding+Doors_DVD_Compressed.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrA7iItMhkz1oIeRN83gi0R7CqPvpj404U_bgCZtj1J3_MAd4rpL0beQAnJ7Y13O3uR9b-TsQTZn49dbqmVrXnPrDDSGj3nlQl3ZzWvmVXSswGAat4_96RBq2wrpBb4Tb_YvnjIdfT8uFL/s200/FCD488_Sliding+Doors_DVD_Compressed.jpg" width="141" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<b style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">James</b><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">: Cheer up. Remember what the Monty Python boys say. </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><b style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Helen</b><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">: "Always look on the bright side of life"? </span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;" /><b style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">James</b><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">: No, "Nobody expects the Spanish Inquisition."</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">* * *</span><br />
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Parece que a enrolação por tantos anos tinha um motivo, <i>after all</i>. Foram só 3 anos.</span>Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-26298493980829689312012-11-19T17:54:00.000-02:002012-11-19T21:10:18.264-02:00"Based on a True Story"<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi512X5LuooMms8pD77Lk35xKuf7ts2ukffumEFkuXECAT8orJU1k2hZ7gdk579rbZ-QzC6Y7jaOYNMB7_wPNDGprRKd-X1ero1X-pIJYInDAycger-41raMEk3JsIfxHAZBEGEjGdWIrwK/s1600/argo-poster.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi512X5LuooMms8pD77Lk35xKuf7ts2ukffumEFkuXECAT8orJU1k2hZ7gdk579rbZ-QzC6Y7jaOYNMB7_wPNDGprRKd-X1ero1X-pIJYInDAycger-41raMEk3JsIfxHAZBEGEjGdWIrwK/s200/argo-poster.jpg" width="133" /></a>Não sei se é uma falsa impressão, mas cada vez mais se faz e se atrai espectadores ao cinema com os tais filmes baseados em fatos reais. No cinema, agorinha mesmo, dá pra ver <a href="http://www.imdb.com/title/tt1675434/" style="font-style: italic;">Intocáveis</a> (2011),<a href="http://www.cineclick.com.br/filmes/ficha/nomefilme/gonzaga-de-pai-para-filho/id/18350"> <i>Gonzaga: de pai pra filho</i></a> (2012) e o ótimo <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt1024648/">Argo</a></i> (2012), do nem sempre tão ótimo Ben Affleck, que se achou atrás das câmeras como um diretor dos mais competentes. Isso só a título de exemplo, e pensando nos últimos 10 anos, <em>give or take</em>.</div>
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<br /></div>
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Sem entregar o final do filme, é uma história sobre o plano de extração de 6 funcionários diplomáticos do Irã após a revolução islâmica de 1979, já que esses seis conseguiram fugir da embaixada e se refugiaram na casa do embaixador do Canadá, <i>eh</i>? Não é preciso ser um gênio para saber que alguma coisa deve ter dado certo, de um jeito ou de outro, ou então o filme dificilmente seria produzido. Do mesmo jeito como ninguém quer ver gente feia e pobreza de verdade na TV, duvido que a plateia do cinema vai lá querendo ver planos arriscados e ousados para salvar pessoas dando errado e gente sendo executada. Seria mais ou menos como fazer algo como <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0454921/">À Procura da Felicidade</a></i> (2006), com o Chris não conseguindo o emprego no fim e o filho sendo levado para algum abrigo pelos <i>social services</i>.</div>
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<br /></div>
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Mas isso tudo parte de um pressuposto: saber que os filmes foram feitos com base em fatos reais. Sobre <i>Argo</i>, um questionamento muitíssimo pertinente: será que se fosse pura ficção, as pessoas estariam dispostas a "engolir" que aquilo tudo foi feito mesmo, daquela forma? Pontos mil para Ben Affleck e a produção, com o cuidado técnico e histórico, com as rezas nos momentos certos, mas e o cerne da coisa? Será que se Tony Mendez fosse simplesmente alguém da cabeça do roteirista, o filme faria tamanho sucesso, ou as críticas seriam no sentido de um filme "fantasioso demais"? Se alguém consegue imaginar, deve ser no mínimo porque seria passível de ser feito, <em>right</em>?</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3AmKqcwPRil4Jz1Qx2w-TKhRuGgAwkJwuKuwmka-vnGk3k7RTTSrC48oOxnaEDGW99fWTl-RT8IbKj2ThtFLd4Wu2CGuX1TRaemVpdZ-J6pipCRuwmLfJI98susn6gq0arcTycC29p40X/s1600/munichmovieposter.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3AmKqcwPRil4Jz1Qx2w-TKhRuGgAwkJwuKuwmka-vnGk3k7RTTSrC48oOxnaEDGW99fWTl-RT8IbKj2ThtFLd4Wu2CGuX1TRaemVpdZ-J6pipCRuwmLfJI98susn6gq0arcTycC29p40X/s200/munichmovieposter.jpg" width="134" /></a>Outro filme nesse sentido, menos de história de superação, e mais de verdade nua e crua sobre vingança mesmo é o ótimo <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0408306/">Munique</a></i> (2005), que no Brasil parece ter passado um tanto despercebido, ainda que seja um dos melhores filmes de Steven Spielberg. Claro, numa pura ficção, e nas mãos de um Michael Bay da vida, teríamos um filme de perseguições espetaculares, e não de uma coisa mais pé no chão, onde as coisas dão errado, gente inocente morre, o mocinho questiona suas ordens e motivos, sem um discurso ou <i>catchy phrase</i>, e o final não é necessariamente um <i>happy ending</i>.</div>
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<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSxuEoWM-uSWXBqNNP3F103oBVZKxFNXKwBf3q9QUePadj5Gj9zHOCtW5klsx9q5byAWmyhZ7uqrKl5R8vNUE8tsY05-G3GmpkyZwui-QGFmW7lcLm1p2wFxQVyvP2FmFRGyUnQKdf7Fgo/s1600/mar_adentro2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSxuEoWM-uSWXBqNNP3F103oBVZKxFNXKwBf3q9QUePadj5Gj9zHOCtW5klsx9q5byAWmyhZ7uqrKl5R8vNUE8tsY05-G3GmpkyZwui-QGFmW7lcLm1p2wFxQVyvP2FmFRGyUnQKdf7Fgo/s200/mar_adentro2.jpg" width="140" /></a>Por que é que, só então, tanta gente aceita que o cinema seja assim? <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0369702/">Mar Adentro</a></i> (2004) traz uma história pesadíssima, mas verdadeira, de Ramon Sampedro, pescador espanhol que, aos 25 anos de idade, tornou-se tetraplégico e passou a brigar na justiça pelo direito de morrer - e, para quem não sabe ainda, ele morreu em janeiro de 1998, por envenenamento, auxiliado por uma amiga. Trágico e belo, isso sim, mas real. Ah, mas e se fosse uma história fictícia? Ia ser tão difícil de aceitar, ou mesmo dar razão a Sampedro? Claro, qualquer um com um caso similar em família daria razão, mas... opa! Tem um caso em casa, a história passa a ser real. Se não, corre-se até o risco de se passar indiferente a uma história assim.<br />
<br />
Mesma coisa pra filmes de terror: <em><a href="http://www.imdb.com/title/tt0185937/">A Bruxa de Blair</a></em> (1999) causou alvoroço, mas não apenas pela qualidade da história, mas sim porque poderia ter sido verdade. Real, não arte. Veio <em><a href="http://www.imdb.com/title/tt1179904/">Atividade Paranormal</a></em> (2007), e foi a mesma ladainha, sendo que muita gente se mostrava decepcionada quando descobria que a casa usada era a do diretor do filme, até. Prefeririam que fantasmas e possessões demoníacas numa casa fossem realidade? </div>
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Se a arte imita a vida, por que é que cada vez mais precisamos desse lastro de veracidade, que supostamente dá a credibilidade necessária ao filme? Por que a ficção tem que ser só filme de assalto, de robôs ou coisas assim, ou sobre histórias que sempre acabam bem, de uma forma ou de outra? Sobre planos que, de tão geniais, nem parecem reais, sem nem chegar aos absurdos (tão legais!) da série <i>Missão: Impossível</i>?</div>
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Ainda há pouco tempo escrevi sobre <i><a href="http://quasecinefilos.blogspot.com.br/2012/09/because-i-get-feeling-that-you-really.html">Sete Vidas</a></i>, até sobre como é difícil imaginar alguém tão bom quanto o Ben do filme na vida real, sem ser movido por remorso ou culpa ou algo maior e egoísta até, mas me pergunto se isso mudaria caso o filme fosse "baseado em fatos reais".</div>
Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-51087802874148392542012-10-16T07:56:00.001-03:002012-10-16T07:57:08.325-03:00"[...] c’est la seule trace de notre passage sur terre."Mais um daqueles textos de e-mail, com um tanto de <i>spoilers</i>. Já avisei.<br />
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* * *<br />
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<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px;">Então, agora eu li o texto pra valer. Aquela vez eu te mandei mas nem li e nem tinha lido seu e-mail, porque vi que ia ser meio </span><i style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px;">spoiler</i><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px;">.</span><br />
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px;">
Acho que a questão é que <i>Batman</i> é um blockbuster, e todo mundo sabe disso. Filme de puro entretenimento, e daí não existem discussões mais sérias sobre ele. Ninguém vai falar, por exemplo, que o Batman simboliza blá blá blá, mas não só ele, como qualquer outro enlatado norte-americano. <i>Ted</i>, por exemplo, no máximo é um retrato de adultos infantilizados, com uma veia cômica saltadíssima e muito engraçado. Esse <i>Intocáveis</i> é um filme sério, e daí as pessoas passam a vê-lo sob outro prisma, como se fosse errado encarar numa boa e prestar atenção, por exemplo, à trilha sonora. Não, você tem que ver o panorama geral da Europa, ver as metáforas e afins. É sério.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px;">
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<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2GCT24CkUlqIc2vEQE233V7_lgwYjkZDOIAhWYI7QS5bkXJ8Kgm0Y4vt_IZUWBzM6ETxP2uX2pmtOxka_fljWkQJ8dzMZ1Mp8fpxgSncrKgWjrNBRyJPuAxfHzrSifDNJUzylHNEs3VBO/s1600/affiche-du-film-intouchables-10548633bnovk.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2GCT24CkUlqIc2vEQE233V7_lgwYjkZDOIAhWYI7QS5bkXJ8Kgm0Y4vt_IZUWBzM6ETxP2uX2pmtOxka_fljWkQJ8dzMZ1Mp8fpxgSncrKgWjrNBRyJPuAxfHzrSifDNJUzylHNEs3VBO/s200/affiche-du-film-intouchables-10548633bnovk.jpg" width="146" /></a>O negócio é que <i>Intocáveis</i> é um filme sério, e concordo desde já com o que o cara diz sobre o filme de uma pessoa com deficiência, do "amizade forjada a partir de hostilidade inicial" e afins. O problema é que muita gente se esquece de tantos outros filmes assim, e parece que esse é O filme sobre isso, quando, por exemplo, se tem um <i>O Escafandro e a Borboleta</i>, que é muito mais interessante. Mas é bacana, mesmo, como a parte da deficiência do Philippe nem é abordada, é até meio "esquecida", salvo em situações cômicas (quando o Driss passa o telefone pra ele, por exemplo) ou pela "tensão" do encontro com a moça das cartas, a Eleanore ("E agora? Como ele vai explicar que nunca falou disso e mandou a foto em pé? Oh!"), sendo que isso é simplesmente... pulado pelo filme. Tipo, ela aceitou de boa que em 6 meses ele não tenha contado pra ela, simples assim? Mas esse tipo de atitude é louvável, ponto para o filme, e trabalhar na Disney faz isso com as pessoas, até, porque lá os próprios <i>guests</i> não são lembrados da condição deles, quando numa cadeira de rodas, por exemplo.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px;">
Não é que eu não tenha gostado do filme, e nem fiquei com isso de "linha narrativa" na cabeça, mas o fato é que esseS filmeS, de modo geral, são realmente feitos e encaixados pra sair tudo tão redondinho que beira ao absurdo. Você tinha alguma dúvida que o Driss ia se mostrar tão necessário que nenhum outro cuidador ia dar certo, e ele ia voltar, depois de milagrosamente botar o irmão na linha? Aliás, ele convenceu os <i>bad guys</i> da Mercedes preta só com um papo?</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px;">
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<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px;">
Gostei muito mais dos aspectos sobre arte do filme (o embate das músicas no aniversário do Philippe é ótimo, e aquilo ali é Adorno e massificação de arte puro, ele ia ficar de cabelo em pé!), e mesmo sobre a metáfora do imigrante x europeu, fato. É o tipo de filme que deveria fazer com que o <i>monsieur</i> saísse do cinema e refletisse sobre a condição do país, até do continente, sem ser pesado - e isso ele consegue fazer magistralmente -, mas o duro é que fica tanto foco na amizade bonita dos dois que as pessoas nem pensam nisso, e ainda xingam o primeiro mendigo negro pela frente com alguma referência ao imigrante. Meio que como aqui seria um cara em São Paulo ver um filme sobre nordestinos, ficar emocionado e torcer pelo cuidador de Pernambuco, e soltar um "esse baiano" depois, sabe?</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px;">
Enfim, não sei se te decepciono com isso, e esse e-mail é talvez o post que eu escreveria, mas... eu gostei do filme, de verdade. Não tanto quanto <i>Biutiful</i>, nem de longe, até porque são dois filmes completamente diferentes. Aqui, é construção, edificação, crescimento. <i>Biutiful</i> é o oposto, desconstrução total de alguém, da forma mais trágica possível, que tem um final muito bonito, mas na morte. Não tem "e agora vive feliz com sua esposa", mas isso é normal. Um filme a ser comparado com ele seria justamente o <i>Sete Vidas</i>, talvez.</div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 13.333333969116211px;">
Quer me matar? Quer chocolate?</div>
Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-6247212994292002892012-10-12T13:59:00.001-03:002012-10-12T13:59:35.524-03:00"Chegar antes foi tudo o que pude fazer."<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #414042; font-family: tahoma, arial; font-size: 12px; line-height: 22px;">“Andar por terras que ninguém andou, chegar em lugares em que o branco nunca chegou, porque não há nenhum lugar que o branco não chegue, chegar antes foi tudo o que pude fazer”. Assim narra Claudio Villas-Bôas, quando resolve tirar os sapatos e abandonar a vida medíocre de um burguês paulista para vestir um par de sandálias velhas, se fantasiar de caboclo goiano e viver a mais real das histórias de aventuras, em plena selva amazônica.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS5vQbStTUbcIj9aQzE0Y8pKDdxR5kdyguFKkm0Xe_P3Lb7141dmJdvzoCBjURWvR8LiPm1S8TV9xJfOH7nbvjsngLcHWTlrNDmS_OEl4Q7kftqUJQDJ_YYiG2H88z4E7zhSwFFRBEtvO2/s1600/Cartaz_Xingu_O_Filme.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgS5vQbStTUbcIj9aQzE0Y8pKDdxR5kdyguFKkm0Xe_P3Lb7141dmJdvzoCBjURWvR8LiPm1S8TV9xJfOH7nbvjsngLcHWTlrNDmS_OEl4Q7kftqUJQDJ_YYiG2H88z4E7zhSwFFRBEtvO2/s200/Cartaz_Xingu_O_Filme.jpg" width="135" /></a><span style="background-color: white; color: #414042; font-family: tahoma, arial; font-size: 12px; line-height: 22px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #414042; font-family: tahoma, arial; font-size: 12px; line-height: 22px;">Essa é a premissa de <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt2142055/">Xingu</a></i> (2012), o último filme do sempre competente Cao Hamburguer, que falou com todas as letras que o nome do filme pode ter sido um erro, já que... bem, que faz muita gente pensar que é um filme de índio, e por isso mesmo seria chato, ou bobo, ou coisas do tipo. Típico preconceito brasileiro, porque quando sai algo do tipo <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0099348/">Dança Com Lobos</a></i> (1990), aí é bonito, é bom, porque é gringo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #414042; font-family: tahoma, arial; font-size: 12px; line-height: 22px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #414042; font-family: tahoma, arial; font-size: 12px; line-height: 22px;">E é um filmaço, que faz um interessantíssimo </span><span style="background-color: white; color: #414042; font-family: tahoma, arial; font-size: 12px; line-height: 22px;">diálogo entre a ficção e a realidade vivido por atores e personagens, até porque foi baseado no livro <i>A Marcha Para o Oeste</i>, dos autores e personagens da história, os irmãos Orlando e Cláudio Villas-Bôas. Personagens estes que se aproximam bastante do que o Brasil tem de menos, que são heróis; gente que, na vida real, e sem a truculência de um Capitão Nascimento, conseguiu fazer algo de concreto pelo nosso país, mas de quem sabemos menos do que, por exemplo, heróis revolucionários europeus, ou mesmo assassinos seriais norte-americanos. Nossa boa e velha síndrome de vira-latas, que no máximo vê em Tiradentes um mártir, mas não um herói.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #414042; font-family: tahoma, arial; font-size: 12px; line-height: 22px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #414042; font-family: tahoma, arial; font-size: 12px; line-height: 22px; text-align: start;"><i>Xingu </i>conta a história de três irmãos, dois mundos e uma missão. A narrativa dos irmãos Villas-Bôas apresenta a saga dos responsáveis pela criação do Parque Nacional do Xingu, em 1961, uma área de mais de 27 mil quilômetros quadrados, inteiramente preservada e constantemente ameaçada. Um luta pela esperança de preservar uma cultura milenar e o direito de existir dentro de suas raízes. Uma façanha impensável que conseguiu burlar os interesses progressistas durante o efêmero governo Jânio Quadros. Se hoje, depois de décadas de democracia, ativistas ainda perdem a vida em nome da luta pela preservação dos índios, é possível imaginar a sagaz persistência que os irmãos tiveram de ter para conseguir de fato criar um Parque Indígena, que existe há mais de 50 anos e mudou o panorama de estudos antropológicos no Brasil.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #414042; font-family: tahoma, arial; font-size: 12px; line-height: 22px; text-align: start;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #414042; font-family: tahoma, arial; font-size: 12px; line-height: 22px; text-align: start;">E, ainda assim, quase ninguém conhece essa história. Como a gente mal conhece a história do Brasil, enquanto manja tanto da grama do vizinho. Cao Hamburguer disse que esse filme tem como "princípio", por assim dizer, ser um ponto de partida, até serve também pra mostrar para muita gente que cinema nacional não é só <i>favela movie</i>, comédia sofrível ou produções globais, mas que tem competência pra fazer um verdadeiro épico com material totalmente nacional.</span></div>
Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-5871774892588898722012-10-04T11:24:00.000-03:002012-10-04T11:36:32.073-03:00"This is all a tightrope, you gotta learn to balance."<div style="text-align: justify;">
A profissão de advogado, <i>lato sensu</i>, é uma meio ingrata. Iniciativa privada ou poder público, tanto faz. Todos os dias nos deparamos com aquele momento em que você para, pensa e pondera. Mas, no fim das contas, e de modo geral, claro, sempre tem alguma coisa que vai pesar mais, nem que seja a esmagadora pressão sobre você pra mandar soltar um filho de deputado federal ou o risco do cliente levar sua carteira de casos para outro escritório porque o trabalho não foi feito como deveria - e não importa o quão impossível isso seja. Ou até mesmo errado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E tem o júri, mas como nesse caso o cidadão é colocado lá sem nenhum lado voluntário, não vou nem entrar no mérito. Fora que tem gente que acha que deve ser legal, até estar lá e ficar horas a fio pra decidir se manda alguém pra cadeia ou não.<br />
<br />
É preciso dizer, claro, que a profissão tem um lado absurdamente gratificante, seja por ver que a Justiça foi servida, numa condenação ou numa absolvição, ou também por conseguir ajudar pessoas com boas ideias colocando tudo em prática, fazendo até com que a engrenagem não pare. Sim, dá pra ser advogado e ser uma pessoa boa, é bem fácil.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas... quando você trabalha para o poder público, não tem o cliente. Mas tem um risco bastante peculiar: a indiferença. Pessoas tornam-se nomes em papel, e você não sabe se aquele sujeito contra quem você oferece uma denúncia, com a faca nos dentes e a cabeça no índice de condenações, é realmente tudo aquilo, ou como vai ficar a família do sujeito. Claro, quem faz merda tem que pagar por isso, não há dúvidas, mas às vezes... e não precisamos imaginar casos à John Grisham para isso, como <i>Tempo de Matar</i>, em que a simpatia pelo réu é mais do justificada, diante de um caso de estupro tão nojento, e o final não poderia ser outro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E os "furos" no sistema, com que os advogados privados têm que aprender a trabalhar tão bem, e os advogados públicos, por assim dizer, têm que aprender a contornar, ou adaptar?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nesse sentido, há filmes que mostram lados interessantes da mesma moeda, e que deveriam ser vistos por quem pensa em fazer Direito. Segue um "Top 5" bastante recente para isso, sem qualquer tipo de ordem motivada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhc0oPFzSXvxyx9ZmVgxOw1kqtfh0Ijr8WySDlU_IZu_YUy6zN0M6DyLOyQswWob_w8_rUeOTrErhFJaQc92pSJYFMCFLP23nJydaga6JxFLh4Yu3N64r91bI7ClS6yBu9ZtiT2noiqULoF/s1600/MV5BMTc0NTU5MjI2MV5BMl5BanBnXkFtZTcwMTg5NTQzMw@@._V1._SY317_CR0,0,214,317_.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhc0oPFzSXvxyx9ZmVgxOw1kqtfh0Ijr8WySDlU_IZu_YUy6zN0M6DyLOyQswWob_w8_rUeOTrErhFJaQc92pSJYFMCFLP23nJydaga6JxFLh4Yu3N64r91bI7ClS6yBu9ZtiT2noiqULoF/s200/MV5BMTc0NTU5MjI2MV5BMl5BanBnXkFtZTcwMTg5NTQzMw@@._V1._SY317_CR0,0,214,317_.jpg" width="135" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
1. <a href="http://www.imdb.com/title/tt0465538/">Conduta de Risco</a> (<i>Michael Clayton</i>, 2007) </div>
<div style="text-align: justify;">
Filme do advogado "fixer", que precisa fazer malabarismos para contornar situações, defender interesses, manipular a verdade. É um show de George Clooney, e chega a extremos, mas até aí, os extremos sempre mostram porções ideais ou indesejáveis da realidade. Um filmaço, de verdade, mas muito complicado. Questões de consciência e de ética no talo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
2. <a href="http://www.imdb.com/title/tt0264472/">Fora de Controle</a> (<i>Changing Lanes</i>, 20022)</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi10uzWPXxjpW7nsoimWiZsroiV4G4E4t9pSZDm6UmL6P262RpeKmBsDJDczFkfFK79NVwPIH7N9YBSA1hR_vYNZzoZSdX5mv6OOXbM77X72ig1pGL6LsRpn6jD8RdyxFjpFxkqlxr7YzWp/s1600/003_changing_lanes_double_sided.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi10uzWPXxjpW7nsoimWiZsroiV4G4E4t9pSZDm6UmL6P262RpeKmBsDJDczFkfFK79NVwPIH7N9YBSA1hR_vYNZzoZSdX5mv6OOXbM77X72ig1pGL6LsRpn6jD8RdyxFjpFxkqlxr7YzWp/s200/003_changing_lanes_double_sided.jpg" width="135" /></a>Ben Affleck é canastrão, mas aqui o papel cai como uma luva para ele. E Samuel L. Jackson consegue controlar seus <i>motherfucker</i> <i>moments</i> da vida pra mostrar um cara tão desesperado que é comedido. O filme um lado "humanístico", de mudança de vida, mas isso só porque o advogado, coitado, se dá conta da podridão do meio em que trabalha, e a chave para a mudança cai, literalmente, em sua mesa, diante de si.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7Nta5e5kFUxC6p7YaL8Vy5AEz_2Jkn6TzG_tI3VJLZaWlxjlS2iyRS-Q79_erEtehwcPqF5MlfG6VDGy6f60EDk1B8f_BxAYk39DkP4hviek3ctnM-tdOSS2qLTNCAlXlQOEGud-ORKIZ/s1600/MV5BMTQ4NDE4NTY5MV5BMl5BanBnXkFtZTcwODQyMTkxNA@@._V1._SY317_.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7Nta5e5kFUxC6p7YaL8Vy5AEz_2Jkn6TzG_tI3VJLZaWlxjlS2iyRS-Q79_erEtehwcPqF5MlfG6VDGy6f60EDk1B8f_BxAYk39DkP4hviek3ctnM-tdOSS2qLTNCAlXlQOEGud-ORKIZ/s200/MV5BMTQ4NDE4NTY5MV5BMl5BanBnXkFtZTcwODQyMTkxNA@@._V1._SY317_.jpg" width="135" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
3. <a href="http://www.imdb.com/title/tt1189340/">O Poder e a Lei</a> (<i>The Lincoln Lawyer</i>, 2011)</div>
<div style="text-align: justify;">
Ok, então todo mundo tem direito ao acesso à Justiça, a um julgamento justo e afins? E quando seu cliente é um estuprador confesso, e você sabe que há buracos no "devido processo legal" que darão aquela forcinha para ele continuar por aí, <i>free as a bird</i>? Advogados de traficantes e de certos políticos também poderiam fazer um filme assim, seria até mais interessante para nossa perspectiva tupiniquim.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
4. <a href="http://www.imdb.com/title/tt1197624/">Código de Conduta</a> (<i>Law Abiding Citizen</i>, 2009)</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2_hYelvdglA_QZf6_Lf93DA3G7vUCka3jMCUIiddlRn7kMVieIxxe0LfVm15vboiZ_pIRAVFEvwG5gRrtcALXlMiW58qZleuV_ctQzJ19fSJzIbIlviEySSFKqEAncemgks7xEL3KJIlW/s1600/law_abiding_citizen.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="148" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2_hYelvdglA_QZf6_Lf93DA3G7vUCka3jMCUIiddlRn7kMVieIxxe0LfVm15vboiZ_pIRAVFEvwG5gRrtcALXlMiW58qZleuV_ctQzJ19fSJzIbIlviEySSFKqEAncemgks7xEL3KJIlW/s200/law_abiding_citizen.jpg" width="200" /></a>A situação é tão cruel, tão perturbadora que não dá pra assistir ao filme sem torcer pelo "vilão" do filme, para que tudo vá pelos ares. O problema é que é um filme de ação, e o foco vai do processo legal em si para as cenas de ação e de bombas e de torturas que ele se perde um tanto, sobre o trabalho do promotor e da juíza que são obrigados a fazer acordos e liberar criminosos a ponto de embrulhar o estômago. Isso também acontece com "colarinho branco", e não é menos pior.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyQz1es6aFzwv-VyGujHM2wTIqUkbYKKALUxVXThW0NatE0sbHIvB9wy0R_M1yNVdeP16K9AT1UxForuRYtYhjrl7r7oJeifjHZWu5QYIm46yLc4REaM7FIlcO6-wTIM0iTQd7VFN3KmS_/s1600/GP048798_xl.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyQz1es6aFzwv-VyGujHM2wTIqUkbYKKALUxVXThW0NatE0sbHIvB9wy0R_M1yNVdeP16K9AT1UxForuRYtYhjrl7r7oJeifjHZWu5QYIm46yLc4REaM7FIlcO6-wTIM0iTQd7VFN3KmS_/s200/GP048798_xl.jpg" width="135" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
5. <a href="http://www.imdb.com/title/tt0115974/">O Crime do Século</a> (<i>The Crime of the Century</i>, 1996)</div>
<div style="text-align: justify;">
Um daqueles filmes pra quem acha que bandido bom é bandido morto verem, porque mostra bem como um promotor de justiça passa de uma conduta investigativa à preparação de uma armadilha para jogar a culpa em alguém, de qualquer maneira. A pressão pública e dos "poderes" é sempre grande, e pode levar a erros monumentais, ainda mais num país que aceita a pena de morte - mas também pode acontecer em casos como a notória Ação Penal nº 470, o Mensalão.</div>
Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-71378723590841462352012-09-18T10:17:00.000-03:002012-09-18T10:17:13.213-03:00"Because I get the feeling that you really deserve it."<div style="text-align: justify;">
Tem gente que não gosta do Will Smith. E tem gente que, acertadamente, acha que <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0454921/">À Procura da Felicidade</a></i> (2006) é um filme bonito, comovente por ser uma história real, mas que... bem, deu no saco, um pouco.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbBjIjOlyZqx9FSeKlgWmanK13F5iXa-w37yeGKdcaeObCTNJD6ZVSN9LJpKA4bbboWAujPN-LH5ItfEfuvxCxxD7U2DvSRlll4GlpwyEZAtTWg5JV47Xj-kFmPRkgN5xrr78tM3yo76x1/s1600/seven-pounds-poster.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbBjIjOlyZqx9FSeKlgWmanK13F5iXa-w37yeGKdcaeObCTNJD6ZVSN9LJpKA4bbboWAujPN-LH5ItfEfuvxCxxD7U2DvSRlll4GlpwyEZAtTWg5JV47Xj-kFmPRkgN5xrr78tM3yo76x1/s200/seven-pounds-poster.jpg" width="134" /></a>O curioso foi que a parceria Smith / Muccino foi repetida num filme, <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0814314/">Sete Vidas</a></i> (2008), que acabou passando até um pouco despercebido. Boa parte da crítica malhou o filme, diante de certas inconsistências de linearidade e umas partes meio absurdas no roteiro (<i>jellyfish</i>, sério?), ou mesmo por conta do <i>over</i> drama que o filme é - com certeza foi feito pensando em pessoas com caixinhas de lenço ao lado, ou pelo menos algo assim.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas, sinceramente, o que impressiona no filme é o Ben de Will Smith. Ele manda muito bem, apesar de certas "acusações" de que ele estaria exagerando, e em alguns pontos talvez esteja mesmo (lenços), mas não dá pra imaginar alguém em busca de tamanha redenção e disposto a tamanho sacrifício que não tenha conflitos internos. Isso é o que fica estampado na cara dele o filme todo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Agora, é de se perguntar: até que ponto as pessoas estão dispostas a irem em nome da pura e simples generosidade? Sem remorso, sem culpa, sem pretensões maiores. Bondade por bondade, sequer pensando num possível desfecho favorável lá no <i>other side</i>, às portas de São Pedro ou entidade religiosa o que o valha. E sempre pensando em bondade em formas de ação, não de dó ou revolta pacíficas, em frente à TV, quando as notícias deveriam ao menos ter esse efeito.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Parece que é tão irreal que só mesmo com um peso do mundo nas costas, e é nisso que esse filme acerta, e consegue o resultado "caixinha de lenço", ao menos com boa parte da audiência. Fica difícil ficar reparando em erros e em outras coisas, mesmo furos, porque o ponto é que se cada um tivesse um "cadim" de Ben, as coisas já seriam bem melhores.</div>
Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-23987541074291021972012-09-09T00:47:00.001-03:002012-09-09T00:50:33.455-03:00"Happiness only real when shared."<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglR7o29K8vAar6UNE9NO2qImoXspp0FWjUMSwcQoamkmsos5zMYQ2yydu4eLDdA4UK5FVLUEW8Uts4CmIYH2PrXLldy708zCjf_BvhotHaZsulNUZgEkERqFuA_96HrYMokG0Yy6ecoz0E/s1600/intothewild.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglR7o29K8vAar6UNE9NO2qImoXspp0FWjUMSwcQoamkmsos5zMYQ2yydu4eLDdA4UK5FVLUEW8Uts4CmIYH2PrXLldy708zCjf_BvhotHaZsulNUZgEkERqFuA_96HrYMokG0Yy6ecoz0E/s200/intothewild.jpg" width="134" /></a>É difícil de imaginar, mas <a href="http://www.imdb.com/title/tt0758758/"><i>Na Natureza Selvagem</i></a> (2007) é um filme que não atinge a todos. Isso porque é um filme surpreendente, uma verdadeira odisséia assombrosa, um tipo de... oração em longa metragem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Essencialmente, o enredo é de um jovem que, em 1990, então com 20 anos, termina uma faculdade de prestígio, vende tudo que tem, doa ou queima seu dinheiro e abandona seu carro e a família, e parte para o Alaska, em busca da verdade no caminho, inspirado por <span class="" id="result_box" lang="pt"><span class="hps">Jack London,</span> <span class="hps">Henry David</span> <span class="hps">Thoreau,</span> <span class="hps">Holden Caulfield</span> <span class="hps">e Jack</span> <span class="hps">Kerouac. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="" id="result_box" lang="pt"><span class="hps"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="" id="result_box" lang="pt"><span class="hps">Pode parecer, e é mesmo, um <i>road movie</i>, daqueles que mostram como uma personagem vai descobrir a vida enquanto faz uma viagem, mas aqui é muito mais um filme sobre contato, sobre conexões entre pessoas. Entre um cara que deixa pra trás pais forjados por um ideal materialista e uma irmã que dependia dele... e, sinceramente, difícil não imaginar que sua decisão foi um tanto quanto egoísta. Mas dizer "estou só" (ou algo assim, de "I'm lonely") já no final mostra que nenhum ser humano consegue abrir mão de todas as suas conexões, como ele tenta provar.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="" id="result_box" lang="pt"><span class="hps"><br /></span></span></div>
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<span class="" id="result_box" lang="pt"><span class="hps">Seus pais, o casal de <i>hippies</i>, o fazendeiro, as pessoas que moram em trailers e o comovente encontro com o senhorzinho de quase 80 anos, que pede para adotar Chris (muito prazer). Todos eles, de certa forma, têm suas vidas mudadas pelo encontro com o jovem, mas inegável que mesmo ele tem sua vida alterada, e profundamente, em virtude de um contato com uma pessoa que desesperadoramente tenta fugir da própria vida em busca de algo melhor, mais verdadeiro, ainda que com tantas falhas que lhe custam caro demais.</span></span></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="" id="result_box" lang="pt"><span class="hps">E é curioso como ele parece simplesmente não se importar com raízes, no sentido de pessoas. Afinal de contas, como explicar esse senhorzinho? É de partir o coração e, mais uma vez, vem aquela sensação de egoísmo. <i>My, myself and I</i>, e ao mesmo tempo, Chris consegue ser incrivelmente inocente nas escolhas que faz, em relação às pessoas, porque ele realmente faz questão de compartilhar o que tem de bom a oferecer, sem amarras ou vínculos, <i>just for the sake of it</i>. </span></span></div>
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<span class="" id="result_box" lang="pt"><span class="hps"><br /></span></span></div>
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<span class="" id="result_box" lang="pt"><span class="hps">O filme é inspirador, mexe com o viajante que há em todos nós. Quem nunca quis, ou pelo menos pensou, em largar tudo, mudar de vida, escolher um nome novo, ou pelo menos passar alguns dias sem preocupação maior do que qual seria o café da manhã ou o jantar (nada de frutinhas estranhas, <i>though</i>), com um dia inteiro para se decidir? Abandonar tantas escolhas infelizes, pessoas com quem nos decepcionamos ou temos vontade de sair de perto, mas que vamos invariavelmente decepcionar, especialmente quando não merecem?</span></span></div>
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<span class="" id="result_box" lang="pt"><i>Na Natureza Selvagem</i> é um daqueles filmes inspiradores, bonitos, e ao mesmo tempo angustiantes ao extremo, especialmente por se tratar de uma história real, que poderia ter tido um desfecho tão menos trágico (e talvez até menos inspirador, é preciso admitir) não fosse a teimosia de Chris de querer cortar todo e qualquer tipo de raíz, de ir do 80 ao 8, com erros de julgamento feios.</span></div>
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<br /></div>
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<span class="" id="result_box" lang="pt">Mas, ao mesmo tempo, não dá pra não admirar <span class="hps">sua jornada</span>, sua coragem <span class="hps">e seu</span> <span class="hps">espírito de investigação</span> <span class="hps">moral, </span><span class="hps">que acabam por trazer à tona, na marra até, </span><span class="hps">um pedaço</span> <span class="hps">de nós, que quer dominar e nos livrar do comum, do ordinário, mas pode acabar ficando naquele ônibus frio.</span></span></div>
Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-3021424614382226762012-08-14T10:34:00.002-03:002012-08-14T13:36:53.495-03:00"All beyond fat and flour..."<div style="text-align: justify;">
Alguns filmes são feitos para serem histórias de amor, e outros para contar uma história, com algum romance bobo no meio que acaba sendo o mote do filme, com a história servindo meramente de pano de fundo para o que o (geralmente) jovem casal vai fazer para que tudo dê certo. Casos desse último são <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0120338/">Titanic</a></i> (1997) e <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0213149/">Pearl Harbor</a></i> (2001), ambos bem fracos na história, especialmente o segundo, que é ruim de doer mesmo.</div>
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<br /></div>
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Mas tem filmes que deveriam focar na história do casal, e mostrar como a luta deles vai fazer com que tudo dê certo no final, de um jeito ou de outro, nem que seja com outras pessoas ou com o recomeçar de cada um, acordando para a vida; afinal de contas, não é só de <i>happy endings</i> que se faz a vida, e o cinema descobriu isso, especialmente com interessantes produções independentes.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbDCDgHUxD56CANsZ8jHxH_L9fi6rj0JWOlcPz1cn4lU37AY3FvcqeTotI41ZWA8QRuZExr4bYPv2w4xs7J55rnDOuWJFfDvz1AIT_RvB9GsjlmljwYPKPoYdukF4iHKFaVP68cACny9F0/s1600/perfect-sense-plakat_article_zoom.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbDCDgHUxD56CANsZ8jHxH_L9fi6rj0JWOlcPz1cn4lU37AY3FvcqeTotI41ZWA8QRuZExr4bYPv2w4xs7J55rnDOuWJFfDvz1AIT_RvB9GsjlmljwYPKPoYdukF4iHKFaVP68cACny9F0/s200/perfect-sense-plakat_article_zoom.jpg" width="133" /></a>Acho que esse <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt1439572/quotes">Sentidos do Amor</a></i> (2011) estaria mais para um filme de amor com um pano de fundo, em que o pano de fundo efetivamente acaba sendo mais interessante. Não se trata de uma catástrofe do tipo "Lá vem um meteoro", ou uma guerra nuclear, ou mesmo uma inversão climática completa. Tudo bem que a ideia não é tão original (José Saramago e seu <i>Ensaio Sobre a Cegueira</i>), mas um mundo sem sentidos é tudo de que precisamos para o pânico geral. E, é claro, isso vai trazer todo o tipo de complicações para o casal em questão, formado pelo "confortável" Ewan McGregor e Eva Green.</div>
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O interessante é ter colocado personagens que, por suas profissões, são diretamente afetados pela perda gradual dos sentidos, ao passo em que estão justamente nas frentes mais evidentes de combate a isso, cada um ao seu jeito: garantindo com que a vida continue do mesmo jeito, ou procurando uma cura, respectivamente. A boa e velha adaptabilidade do ser humano. Essa parte por si só já é curiosa, como parece absurda a ideia de continuar com tudo até um pouco em que se torna inviável (a cena do crítico de restaurante sem odor e paladar é particularmente interessante), até que a perda da audição torna tudo inviável e o pânico toma conta.</div>
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Mas vale a pena ver como a perda de cada sentido mexe com nossas emoções (ou instintos) mais puros, como o desespero, a fome, a raiva e, finalmente, a compaixão, ou alegria eufórica, todas sem a menor razão de ser, simplesmente... sendo. O ser humano despido de racionalidade, até que uma perda nos coloca de volta "nos eixos".</div>
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Particularmente, uma coisa chama a atenção, por mais breve que seja: a associação que é feita entre os odores e as memórias, mas que poderia ser feita com qualquer dos sentidos. A ideia de que vamos nos esquecer de pessoas e momentos, por não podermos mais sentir aquele cheiro específico, como Susan narra do cheiro de canela e o avental da avó, até que essas imagens simplesmente desapareçam. Não seria a mesma coisa com o gosto, como aquele gosto da massa do bolo que imediatamente nos remete à infância, ou o gosto daquele nhoque que sua avó fazia e ninguém consegue acertar? E sempre é tão forte a ponto de pararmos pra sentir, curtir a memória.</div>
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Nesse ponto, fica claro como dependemos da nossa visão (talvez Saramago tenha ido direto ao ponto em seu livro), de como VER tudo, ao mesmo tempo que foi uma grande evolução para nós, nos tornou dependentes dos olhos. Acho que é mais ou menos a relação que temos com a tecnologia, na verdade, até porque nossa capacidade de pura abstração não é exatamente unânime e uma competência geral. Confesso que eu mesmo morro de medo de ficar cego, tanto quanto de ficar velho. Tanta beleza por aí, e seríamos impedidos de observar? De ver quem a gente gosta sorrir? De ler?</div>
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(ok, tem braile, eu sei, mas ia demorar tanto pra pegar o jeito que só ia dar conta de ler livros infantis por um tempo)</div>
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Voltando ao filme, talvez seja por isso que a visão é a penúltima, e não fica claro que o próximo sentido a ser perdido é o tato, mas também quando isso acontecesse nem o filme nem a vida teriam muito mais razão de ser. A última cena, com a última narração, remetem a um amor puro, destituído de tudo aquilo que o complica e o atrapalha; não é a toa que duas pessoas com tantas dificuldades para darem certo em relacionamentos "precisam" perder tanta coisa para se acharem em meio ao caos que se instaura (vide a pura alegria de descobrirem juntos como espuma de barbear pode ser boa de comer). </div>
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Mas fica também a sensação de que, às vezes, para que as coisas possam dar certo, é preciso que uma desgraça dessa magnitude aconteça. E daí, de que adianta?</div>
Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-15907692354405670912012-07-22T23:27:00.000-03:002012-07-24T23:32:21.213-03:00"Yes, I can see now."<div style="text-align: justify;">
A genialidade de muitas pessoas pode se manifestar em momentos que, à primeira vista, não parecem os mais propícios, e isso acontece demais no cinema. Com cada vez mais efeitos especiais, orçamentos astronômicos, recursos e tecnologia avançada, tem horas que o <i>regular man</i> tem lá suas dificuldades em diferenciar um cara realmente bom de um cara com recursos.</div>
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Isso pode soar nostálgico, mais ou menos como nossos pais, ao dizerem que "bom mesmo era no meu tempo", ou quando a imprensa esportiva fala do tal tempo em que se amarrava cachorro com linguiça. Mas quando a gente vê alguns clássicos, dá pra ver quem sempre soube mandar bem.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw9fjNEeSY50SHbDi-ovAnvSGbqbeEORxKlJnxDFlO89jTI-2ZPC-gdIGdX8hljT-p8kt_2ZJsnjRUufnXd_uY2BuMD66v8PQAaKvA8k1UwJYK-iAor8sAHOhzHKWHxBgOWiItPLwVf7T3/s1600/city-lights-charlie-chaplin.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgw9fjNEeSY50SHbDi-ovAnvSGbqbeEORxKlJnxDFlO89jTI-2ZPC-gdIGdX8hljT-p8kt_2ZJsnjRUufnXd_uY2BuMD66v8PQAaKvA8k1UwJYK-iAor8sAHOhzHKWHxBgOWiItPLwVf7T3/s200/city-lights-charlie-chaplin.jpeg" width="136" /></a>Depois de anos sendo fã dos Trapalhões e do ótimo Chaves, esse ano assumi a missão de resolver uma das minhas falhas de caráter mais sérias e assistir a alguns filmes do Charles Chaplin - e não poderia ter sido missão mais grata! Como pude ficar tantos anos sem saber que a fonte de onde Renato Aragão e Roberto Bolaños tanto beberam estava logo ali, em preto e branco, muda? Primeiro, <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0027977/">Tempos Modernos</a></i> (1936), filme que o Mauro deveria ter passado pra gente no colégio, e esse fim de semana tive o prazer inenarrável de ver <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0021749/">Luzes da Cidade</a></i> (1931), equilíbrio perfeito entre comédia e sentimentalismo, na companhia certeira de um primo e ótimo amigo.</div>
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Chaplin era um gênio, e praticamente sem dizer uma palavra sequer. Como conseguia aquele homem, com um humor tão inocente, uma personagem tão destituída de maldade, com caras e bocas, e um cumprimento de chapéu tão adorável, fazer tanta miséria, a ponto de ainda ser visto e louvado, por praticamente 80 anos? Acho que a resposta é clara: apesar de uma vida pessoal bastante conturbada, ele fazia valer a simplicidade, além da teimosia de um homem que sabia do valor das imagens e gestos.</div>
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Falar sobre a última cena do filme, em que um sorriso de segundos de duração consegue dizer tudo que o Vagabundo sente, é chover no molhado. É só jogar no Google e ler posts e reportagens e opiniões, mas nada consegue substituir o impacto que um olhar, uma flor e um sorriso causam - se não causam, boa pessoa não pode ser. É justamente como aqueles presentinhos bobos, do nada, que damos a amigos, ou uma carta, um bilhetinho, uma referência em redes sociais, que são mínimos, mas são verdadeiras luzes em dias às vezes não tão claros.<br />
<span style="background-color: white;"><br /></span><br />
<span style="background-color: white;">Não temo em dizer que é uma genialidade emocional de quem não perde o hábito de promover pequenas, mas contundentes, alegrias nos nossos dias, sem precisar se valer de grandes recursos - muitas vezes, nenhum. </span><span style="background-color: white;">Tal qual a genialidade de Chaplin em seus filmes, que nunca vão perder o brilho, sem nenhum computador ou reviravolta confusa de enredo pra tanto.</span></div>Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-65103757627008260352012-04-21T22:42:00.004-03:002012-04-21T22:42:37.843-03:00"Succotash my Balzac, dipshiitake!"<div style="text-align: justify;">
Mais do que nunca, eu prefiro acreditar que tudo não passa de um infeliz, profundamente infeliz caso de homônimos, de título a nomes de personagens.</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5hGN2I5q70dR5hF_nxZmy9_EZMGftJxg4TNYYdsktyirHZcrytey-50KVxyYHtRtIvV07lKGRK0QVafnXvuuv89AjIjxRofL-DDptAq7s94B132oesaFDoSkORf8cVtFmVpLy9oUGRir4/s1600/Extremely+Loud+and+Incredibly+Close.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5hGN2I5q70dR5hF_nxZmy9_EZMGftJxg4TNYYdsktyirHZcrytey-50KVxyYHtRtIvV07lKGRK0QVafnXvuuv89AjIjxRofL-DDptAq7s94B132oesaFDoSkORf8cVtFmVpLy9oUGRir4/s320/Extremely+Loud+and+Incredibly+Close.jpg" width="216" /></a></div>
<br />Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-35160649701840374492012-02-14T01:08:00.000-02:002012-02-14T01:08:44.303-02:00"Welcome to the graveyard of ambition."<div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhug13palKEPqIdGjmtpyoDu2DdBuDVeD9FyxNYbkN_zN_0EqXeY9IIASu4rMiisVn4sbAkV1Pd82pwJIDBHC_lJ84LSvEesPeKdgJh3rdSwNA7_qQT6Eno5HTMki76y9p5wDOJQ6ud2WAK/s1600/ONE-DAY-POSTER.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhug13palKEPqIdGjmtpyoDu2DdBuDVeD9FyxNYbkN_zN_0EqXeY9IIASu4rMiisVn4sbAkV1Pd82pwJIDBHC_lJ84LSvEesPeKdgJh3rdSwNA7_qQT6Eno5HTMki76y9p5wDOJQ6ud2WAK/s200/ONE-DAY-POSTER.jpg" width="135" /></a>Pegue um bom livro, interessante, que consegue não cair em todos os lugares-comuns que são armadilhas do gênero. Pegue dois bons atores, jovens. Pegue uma boa diretora, que acertou bem a mão em <a href="http://www.imdb.com/title/tt1174732/"><i>Educação</i> </a>(2009).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Então, pegue uma trilha sonora feita para chorar, ou emocionar. Adicione falta de <i>budget</i> para locações. Tire os pensamentos interessantes, mude algumas coisas e partes para adaptar mais ao <i>average viewer</i>, aquele que gosta de coisa digerível e mamão-com-açúcar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Pronto! Estragar um bom livro como <i>Um Dia,</i> que poderia dar um ótimo filme, fica fácil!</div>Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-63284201426429187402011-06-23T00:59:00.006-03:002011-08-13T01:32:46.411-03:00"I am the sheep that got lost, Madre."<div style="text-align: justify;">Minha mãe gosta bastante dos filmes do Denzel Washington, e por um tempo, eu também gostei. Até que... comecei a ver sempre aquele "negão malandro" (sem preconceito, mas é estereotipado), justamente no filme que lhe rendeu um Oscar de melhor ator, <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0139654/">Dia de Treinamento</a> </i>(2001). Até hoje não consigo entender o que aquele filme tem de tão bom, por sinal; vai ver, é só mais um dos que eu preciso ver de novo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">De qualquer maneira, do mesmo jeito que ele é sempre o tal "malandrão", Anthony Hopkins é o "velho sábio", como em <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0488120/">Um Crime de Mestre</a> </i>(2007), bem <i>overrated</i>, na minha opinião. Acho que o mais irritante é a carinha de "Eu sei de algo que você não sabe" o tempo todo, irrita demais! E eu sei que ele é um baita ator, assim com Denzel Washington - <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0174856/">Hurricane - O Furacão</a></i> (1999) e <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0765429/">O Gângster</a> </i>(2007) não me deixam mentir, por exemplo. No começo dos anos 90 ele fez outros bons filmes, mas é só procurar que dá pra achar e eu paro de babar no ovo dele, mesmo porque não é o caso.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhunjukJuU2fuZN3p0JOhmj7LI_ujK40Co9-1lffdTKn4b4Qo0H8l85Hp13Otj14swA7UhhFoS-s691gJWxL_RTAgaMW4kshS_tdB1-V61RTJDj6epdwrhwA97DL0b0n8rf9xF5ebiFe3tj/s1600/1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhunjukJuU2fuZN3p0JOhmj7LI_ujK40Co9-1lffdTKn4b4Qo0H8l85Hp13Otj14swA7UhhFoS-s691gJWxL_RTAgaMW4kshS_tdB1-V61RTJDj6epdwrhwA97DL0b0n8rf9xF5ebiFe3tj/s200/1.jpg" width="135" /></a>O caso é que <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0328107/">Chamas da Vingança</a></i> (2004) foi um filme que inicialmente gerou em mim uma certa... preguiça. Lá ia o macho malandrão passar por um perrengue, ter uma crise de consciência, e matar todo mundo, vivendo seu dia de anti-herói. Mas todo mundo falava que é tão bom, o IMDb dá um respeitável 7.7... e eu finalmente vi o nome de Tony Scott lá.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Dizem que a gente sempre acaba se identificando com a "voz" de um diretor, mas eu acho que é mais do que isso; tem um pra cada momento. Não nego que sou fã de Clint Eastwood, ou de Quentin Tarantino, ou mesmo de Sam Mendes. Mas quando o negócio é <i>thriller</i>, ninguém me atrai mais do que Tony Scott, que descobri com o despretensioso e ignorado <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0266987/">Jogo de Espiões</a></i> (2001), que só pelo elenco deveria chamar mais atenção - Brad Pitt e Robert Redford. Ele tem a mão, o estilo pra fazer a coisa dar certo, sendo que tanto filme com idéia boa por aí faz a merda de escorregar no "demais" e nos clichês, que podem servir pra algum bem. As tomadas, a fotografia, a edição dos filmes dele, a carga sentimental não mais do que necessária... é tudo muito bem feito, e num ritmo que faz com que 146 minutos, por exemplo, passem como uma hora e meia.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E daí Denzel Washington faz a diferença, porque ele é bom. Ele consegue ser durão, e dar um sorriso que conta, porque não é o que se espera. E quando precisa, fecha a cara de novo, sem ficar com ares de "eu sou o mochinho do filme". Se é pra ser "çangue bão", ele sabe ser; mas também sabe ser bem sangue ruim, como John Creasy tem de ser - um sujeito perdido, em busca de algo para voltar a ter esperança, já que a Bíblia por si só não tem dado conta. As duas cenas de tortura (de ambos os policiais) são tão contrastantes com o estudo de história com Pita que não dá pra entender como alguém seria tão frio a ponto de fazer a mesma cara ao brincar com uma criança e ao fazer uma piadinha com "I wish you had more time", antes de deixar o sujeito para trás para explodir, sem nunca dar a esperança do tipo "Você vai se salvar. Tudo vai dar certo, amigão". É um filme, acima de tudo, intenso.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFa_oTe38Xug5KwavdJsNkM2W4LLysBev3Z62KG0bvWRcLchYMo5sCJ1OmNHuH8psb_8b1rHW_MJZ8mlVhK9hQWvxF67CrkOtzPhSIHKTdsweNdcEa12OGYEwoVCmjG6RRBeuen69s8ZQV/s1600/O+Profissional.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFa_oTe38Xug5KwavdJsNkM2W4LLysBev3Z62KG0bvWRcLchYMo5sCJ1OmNHuH8psb_8b1rHW_MJZ8mlVhK9hQWvxF67CrkOtzPhSIHKTdsweNdcEa12OGYEwoVCmjG6RRBeuen69s8ZQV/s200/O+Profissional.jpg" width="137" /></a>Além dele, tem uma ótima e carismática Dakota Fanning, novinha, que em muito faz lembrar a relação de Mathilda e León no sensacional <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0110413/">O Profissional</a> </i>(1994) - por sinal, curioso tanta gente dizer "I'm a professional" para Creasy. Lá, Natalie Portman em seu primeiro filme, e Jean Reno; aqui, Dakota e Denzel. E todos fazem "casais" tão inusitados quanto comoventes e eficientes. Tudo bem que é difícil uma menininha em perigo não mexer com qualquer adulto, mas nesses casos, é até curioso, dado o contexto, ainda mais no caso de Mathilda.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div style="text-align: justify;">São dois filmes que basicamente poderiam ser clichês puros, e filmes facilmente esquecíveis (bom, eles o são, se for minha mãe assistindo), mas a combinação dos atores com os diretores (Luc Besson para o filme de 1994) é que faz o peso. Acho que é mais ou menos assim em qualquer trabalho: quando o chefe e o empregado se dão bem, a coisa flui e "tudo dá certo" no fim das contas. Cada um tem a liberdade para trabalhar com o que tem de melhor pra oferecer, e o chefe que manja deixa o sujeito explorar isso (como Gary Oldman, especialmente ele, faz em 1994), só aparando as arestas. E espertos são os estúdios e os produtores que conseguem colocar tanta gente boa junto.</div>Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-42104049046592490672011-05-29T16:27:00.001-03:002011-08-13T00:58:09.684-03:00"I can't believe this is happening again!"<div style="text-align: justify;">Alguns anos atrás, quando teve um show do Motörhead em São Paulo, li numa Showbizz, acho, que assistir ao show deles era mais ou menos como assistir a novelas no <i>Vale a Pena Ver de Novo</i>: você sabe exatamente o que esperar, sem surpresas. A mesma coisa eu li uma vez sobre o <i>Black Ice</i>, último disco do AC/DC: o som deles continuava a mesma coisa, sem experimentações ou inovações - e por isso continuava tão bom (quem gosta de Radiohead, por exemplo, sabe exatamente do que eu estou falando).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>Se Beber, Não Case</i> foi um <i>smash hit</i> de 2009. Filme relativamente barato - especialmente se comparado à renda, elenco competente sem grande nomes, um humor longe de ser apelativo como <i>American Pie</i>. Um típico caso de clássico instantâneo dos 2000's - ou, como diria Alan, "a 2000's classic". E mesmo a recepção da crítica foi positiva, como prova o 7.9 do IMDb e tantas coisas que li na época. Fui ao cinema e ria feito um retardado, fosse de um japinha pulando pelado de um carro, fosse de uma portada num bebê, fosse de fotos completamente sem noção, que fazem as minhas parecerem do batizado do menino Jesus. O filme é tão divertido que Mike Tyson <u>pediu</u> para participar de uma possível seqüência. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJK8HHBeGgOsVlPuJTITREbrkD1OCz8h_bIGwv2K9Freg6Cipvm2xJz2q2wOBJOav7CxwUF62LKJieXDLd92S7hBjCKfuz6L3swhML2f5PXL9Ougml1b7YnZ7nNHmdvBEMp-vNm7mO5WqB/s1600/the-hangover-part-ii-mid.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJK8HHBeGgOsVlPuJTITREbrkD1OCz8h_bIGwv2K9Freg6Cipvm2xJz2q2wOBJOav7CxwUF62LKJieXDLd92S7hBjCKfuz6L3swhML2f5PXL9Ougml1b7YnZ7nNHmdvBEMp-vNm7mO5WqB/s200/the-hangover-part-ii-mid.jpg" width="135" /></a>Daí, você vai ver a segunda parte, <i>Se Beber, Não Case 2</i>. Mesmo título. Mesmo elenco. Mesmo diretor (Todd Phillips, . Mesma premissa. Mesma abertura, com um telefonema quase fatídico do Phil. Dessa vez vai ser diferente? As coisas vão mudar? Alguém não vai sumir? Doug (o branco, não o "black Doug") vai participar? As repostas, só pelo trailer, já estão na mesa: não, nada vai mudar. O filme é um grande "mais do mesmo", só que dessa vez em Bangcoc - a própria cidade, mais uma vez, é grande parte do filme, como Las Vegas foi no primeiro filme. Ninguém tem dúvidas de que vai ter casamento, até porque fica meio claro que é uma repetição da fórmula que deu certo - com vários ingredientes a mais, e que deixam o filme tão bom quanto o primeiro, se não até melhor. Troque até mesmo um tigre por um macaco, um dente por uma tatuagem, mantenha os óculos de sol, e peça para Bryan Callen deixar de ser o Eddie da capela para ser o Samir do <i>strip club</i> - sem avisar a audiência - e pé na tábua. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E é justamente aí que está o mérito do filme: pra que inventar? É uma seqüência com os mesmos atores, os mesmos personagens, uma situação muito parecida, mas com novas piadas, novos absurdos - e novas fotos no final do filme, ainda melhores que as do primeiro! Até Mike Tyson está de volta. Não tem invenção, não tem exagero, não tem coisas mirabolantes pra fazer tudo ser maior e melhor, naquela coisa americaníssima de estragar coisas que dão certo como são ao aplicar anabolizantes para <i>bigger is better</i>. Não é o que a gente quer, muitas vezes? Ninguém liga pra um velho amigo procurando alguém novo pra conhecer, ou pega um disco da banca favorita pra ouvir um som novo, cheio de experiências - é o <i>comfort feeling</i> que conta.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É praticamente um <i>Vale a Pena Ver de Novo</i>, mas que realmente vale a pena - especialmente se você tem fresco na memória o primeiro filme, que tem ótimas e sutis ligações para garantir que seja uma seqüência de verdade, e não só mais um na franquia. </div>Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-5277534841169158262011-05-16T00:27:00.001-03:002011-05-16T00:35:24.529-03:00"You were my hero, Dicky."<div style="text-align: justify;">Falar em filme com boxe é falar em qualquer um dos <i>Rocky</i>, a saga do lutador sofrido que sempre dá a volta por cima criado pelo Stallone - e que valeu um Oscar pro Sly, por incrível que pareça. E qualquer pessoa (ou cara, pelo menos) com mais de 25 anos deve ter ficado todo empolgado se foi ao cinema em 2007 ver <i>Rocky Balboa</i> e depois de tanta enrolação toca o tema dele na hora da luta final contra Mason "The Line" Dixon, uma espécie de Apollo Creed dos manos moderninhos. E foi difícil não conter a emoção, acompanhar a luta, desviar dos socos e vibrar com cada porrada dada, tanto pelo Rocky quanto nele.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZOpEaBUT85dQIt3ZxppUcAnvyFsNK1JIWIeA-exBDjuWJ5NqjsH2LqxVKrX5UoKSsWSJcT_UWzVldhYmo5ewC-l506qpAYLHWMiw14jpqPKHQRGJGrwFLzB_WDTXzIEcofnnjNCcQp_8i/s1600/The-Fighter-poster-18102010.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZOpEaBUT85dQIt3ZxppUcAnvyFsNK1JIWIeA-exBDjuWJ5NqjsH2LqxVKrX5UoKSsWSJcT_UWzVldhYmo5ewC-l506qpAYLHWMiw14jpqPKHQRGJGrwFLzB_WDTXzIEcofnnjNCcQp_8i/s200/The-Fighter-poster-18102010.jpg" width="128" /></a>Mas o fato é que Rocky Balboa é um personagem de ficção, ainda que bastante verossímil e carismático (menos na porcaria de <i>Rocky V</i>. Puta filme chato!). Há outros boxeadores em outros filmes, eu acho, mas esse ano Mark Wahlberg interpretou o real Micky Ward em <i>O Lutador</i> e Christian Bale deu show como o irmão problemático Dicky Eklund. De novo, história de boxeador com família, o cara sofrido, que vai se dar bem no final, e a platéia vai vibrar com ele. Até aí, ok.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Agora, o incrível é Christian Bale. Ele manda tão bem, mas tão bem que é impossível não simpatizar com ele e torcer por ele até mais do que pelo Rocky contra o Ivan Drago em <i>Rocky IV</i>. Só que ele não luta, a não ser contra policiais que descem o sarrafo nele. Quem luta, agora, é o irmão, Mick, enquanto Dicky, aos trancos e barrancos, do jeito dele, tenta ajudar, por mais que traga problemas ao irmão. Vivendo no saudosismo de uma única luta, de um futuro de "poderia ter sido", sem perceber a realidade (o programa da ESPN gravado durante o filme é a maior prova disso), da espiral <i>downwards</i> em que entrou, e sempre num claro caso de <i>honest mistake</i>, Bale rouba a cena, mais do justificando seu Oscar. Ver Micky se dar bem vai além de torcer por umas boas porradas e pelo lutador, mas você torce porque quem vai realmente ganhar é Dicky, mesmo que fora do ringue. Eu mesmo sempre achei boxe um esporte meio idiota (o que dizer, então, desses UFC da vida?), mas nunca fiquei tão emocionado e vibrante numa luta, pensando que cada soco bem dado por Micky é um soco na vida errada do irmão, que merece melhorar. Afinal de contas, o que dizer de um viciado em crack que consegue te fazer sentir simpatia?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O que é mais legal do filme, me ficou, é finalmente ver gente de verdade dando a volta por cima. Não é um Rocky Balboa, ou qualquer outro personagem que dá a volta por cima depois de uma separação, como alguma mocinha bonitinha. Agora é o cara feio, drogado, magrelo, malandro, que atrapalha - sem querer, e isso é o que ele tem de melhor, porque você sabe que ele não é um filho da puta, mas um cara que fez escolhas erradas na vida e paga por cada uma delas, sem querer passar as <i>shares</i> que o irmão recebe, sem querer. Quando a gente se acostuma a ver quem não presta se dar bem, é emocionante ver alguém que merece dar a volta por cima, e ainda de forma tão convincente quanto Christian Bale faz. A fala antes da luta final é o pico disso, que desarma a defesa ou desconfiança de qualquer um:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><b><a href="http://www.imdb.com/name/nm0000288/" style="color: #136cb2;">Dickie Eklund</a></b>: Are you like me? Was just good enough to fight Sugar Ray? Never had to win, did I? You gotta do more in there. You gotta win a title. For you, for me, for Lowell. This is your time, all right? You take it. I had my time and I blew it. You don't have to. All right? You fuckin' get out there, and use all the shit that you've been through, all the shit we've gone through over the fuckin' years, and you put it in that ring right now. This is yours. This is fuckin' yours. </span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não são só os meninos que vibram e se emocionam com os socos que "Irish" Micky Ward acerta, ficando com a sensação de que o herói de verdade está de fora dessa luta.</div>Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-22546560669826357572011-05-09T23:34:00.004-03:002011-05-10T00:13:58.654-03:00"It could be worse than it looks."<div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDx-GIXGGXbCWYpFjJTHvy9YJhO5vAaT2ZaIRf5hKZGyr-xIfWGf85lYd914lPeXuvZJ_I50BGPp7AiE9rJq4fjCUXPXTR7vNIkqMnCOyOe8_0q6UJ7mJGkTV5vHBHBbjL3vVvFuQHE7O9/s1600/The+Boy+in+the+Striped+Pajamas+cover.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDx-GIXGGXbCWYpFjJTHvy9YJhO5vAaT2ZaIRf5hKZGyr-xIfWGf85lYd914lPeXuvZJ_I50BGPp7AiE9rJq4fjCUXPXTR7vNIkqMnCOyOe8_0q6UJ7mJGkTV5vHBHBbjL3vVvFuQHE7O9/s200/The+Boy+in+the+Striped+Pajamas+cover.jpg" width="200" /></a><span class="Apple-style-span" style="color: #2a2a2a;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #2a2a2a;"><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">Essa bíblia foi um e-mail escrito após uma tensa conversa sobre um livro/filme, famoso até, que usei para dar aula em 2008. Foi</span> </span><span class="apple-style-span"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">O Menino do Pijama Listrado</span></i></span><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">, e a conversa foi sobre o final. É um post altamente <i style="mso-bidi-font-style: normal;">spoiler</i>, mas não consigo deixar de publicar, até porque ontem me falaram do filme. É, pra deixar registrado, uma das combinações mais interessantes entre livro e filme que já vi, porque um consegue complementar o outro naqueles detalhes que faltam, e fazem diferença.<o:p></o:p></span></span></span></div><span class="Apple-style-span" style="color: #2a2a2a;"> <div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">Leia sabendo que eu conto o final do treco logo no primeiro parágrafo, e eu realmente passei aquela noite pensando nisso.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">* * *<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">Ok, então eu fui pra aula ontem pensando no livro/filme, e me toquei que pelo menos eu tava tentando explicar o porquê da morte do Bruno sob um ponto de vista completamente errado, que era uma possível mudança no pai dele. Você ficou insistindo que eu disse que o cara era tão "máquina" que não era pai, e que nem a morte do Bruno mudaria isso - aparentemente "abstraindo" a parte em que eu dizia que a morte, sim, poderia operar algumas mudanças, e que um simples "susto" talvez não pudesse. Vamos deixar isso de lado. Mas, antes, queria só relembrar umas coisas que o pai dele fala no filme mesmo:<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;"><br />
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Father:</b> I'm a solider. Soldiers fight a war. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">Mother:</span></b></span><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;"> </span><u><span style="-webkit-text-decorations-in-effect: none;">That's not war!</span></u> </span><o:p></o:p></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="EN-US" style="color: #2a2a2a; font-family: inherit; mso-ansi-language: EN-US;">Father:</span></b></span><span class="apple-style-span"><span lang="EN-US" style="color: #2a2a2a; font-family: inherit; mso-ansi-language: EN-US;"> It's a vital part of it!<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><span lang="EN-US" style="color: #2a2a2a; font-family: inherit; mso-ansi-language: EN-US;"><br />
</span></span><span class="apple-style-span"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">Father:</span></b></span><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;"> They're not people at all, Bruno.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;"><br />
Em vez de pensar no que ele poderia fazer depois do Bruno, vamos pensar em antes dele. Levando em conta que o Ralf (não me lembro se o filme chega a mostrar o nome dele) é um pai, ele tem responsabilidades para com os filhos. Check. E ele é um nazista, oficial da SS (as "Tropas de Proteção", um grupo de elite que contava com homens racialmente selecionados e disciplinados, responsável pelos campos de concentração e extermínio nos países ocupados), ou seja: sabia muito bem onde estava se enfiando, e considerando tudo, acreditava bem no que estava fazendo - levando os filhos para um campo de extermínio. E foi ele quem arranjou a contratação de um professor, que diz o seguinte:<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="EN-US" style="color: #2a2a2a; font-family: inherit; mso-ansi-language: EN-US;">Bruno:</span></b></span><span class="apple-style-span"><span lang="EN-US" style="color: #2a2a2a; font-family: inherit; mso-ansi-language: EN-US;"> There is such thing as a nice Jew, though, isn't there? <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="EN-US" style="color: #2a2a2a; font-family: inherit; mso-ansi-language: EN-US;">Herr Liszt:</span></b></span><span style="-webkit-text-decorations-in-effect: none;"></span><span class="apple-style-span"><span lang="EN-US" style="color: #2a2a2a; font-family: inherit; mso-ansi-language: EN-US;"> <u>I think, Bruno, if you ever found a nice Jew, you would be the best explorer in the world.</u></span><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 12.75pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">Você ainda falou sobre a parte em que a mãe deles tem a conversa com o pai, e no Study Guide "oficial" do filme que eu usei pra dar minhas aulas sobre o livro tem duas coisas interessantes. Seguem:<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><span lang="EN-US" style="color: #2a2a2a; font-family: inherit; mso-ansi-language: EN-US;">"But Bruno’s father, Ralf, has been promoted and the family will be moving from <st1:state w:st="on"><st1:place w:st="on">Berlin</st1:place></st1:state> to the countryside. </span></span><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">Bruno’s grandfather clearly disapproves. Bruno is told to think of it as “an adventure.” </span></span><span class="apple-style-span"><span lang="EN-US" style="color: #2a2a2a; font-family: inherit; mso-ansi-language: EN-US;">Dad says serving as a soldier is “<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">about duty not choices</b>.”<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><span lang="EN-US" style="color: #2a2a2a; font-family: inherit; mso-ansi-language: EN-US;">"Hints of the Holocaust waft into the seemingly protective confines of the family home. </span></span><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">Bruno’s grandmother refuses to visit the house in the country. The strain of living within range of a concentration camp wears upon Bruno’s mother. She is willing to risk charges of disloyalty. Bruno’s mother decides, “This is no place for children.” Father <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">begrudgingly</b> agrees."<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">A primeira é autoexplicativa, e a segunda tem essa palavrinha mágica que, segundo o thefreedictionary.com, quer dizer "To give or expend with reluctance". Claro, ele concorda, mas insisto: não porque ele achava que os filhos deveriam ser levados para longe por risco de vida, mas pra que fossem criados longe do campo, onde não pudessem ver o que acontecia lá e, por consequência, fossem relativamente indiferentes, até porque estamos falando de um menino de 9 anos que tem uma percepção de mundo bastante limitada e de uma menina de 12 anos que é convertida pela ideologia em que o próprio pai acredita, e não é pouco - afinal de contas, ele se tornou comandante de um campo de extermínio. Será que ele não pensava que matava não judeus, mas pais como ele, mães como sua esposa, filhos e filhas como os seus próprios? </span></span><span class="apple-style-span"><span lang="EN-US" style="color: #2a2a2a; font-family: inherit; mso-ansi-language: EN-US;">"They're not people at all, Bruno". I don't think so. </span></span><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">Ele fez sua escolha, e tomou sua parte (ativa) na Guerra e no extermínio dos judeus.</span></span><o:p></o:p></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; margin-bottom: 12.0pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">E daí que me veio a necessidade da morte do Bruno, independente do que viria depois: o preço que se paga. Você ontem falou do <i>motto</i> do filme, então vamos pensar nisso. Ok, então o Bruno entra no campo, mas é salvo antes mesmo de entrar na câmara de gás, a família toda toma um susto que faz com que o pai abra os olhos e "pule fora" de tudo. Eu continuo achando isso um tanto quanto impossível, mas vamos por esse viés. Então, ok. Aconteceu isso, ufa. Ele se salvou, "só" o Shmuel morre. Então, o que você vê? Qual o <i>motto</i>? Que, apesar de você acreditar na propaganda nazista, apesar de ser conscientemente responsável pelo extermínio de milhares de pessoas, apesar de você ter aceitado a oferta de levar sua família para um lugar como Auschwitz (que o Bruno chama de "Out-With" no livro, por errar a pronúncia, assim como ele chama o Füher de "Fury"), tem a chance de sair "limpo" da história, com sua família, enquanto as atrocidades no campo de extermínio continuam? A cena seguinte seria o quê? A família indo embora, com cara de alívio, e promessa de um novo começo, onde as coisas dariam certo? E os que ficaram para trás, os judeus? E o próprio Shmuel, você se esqueceu dele? Fatalmente, ele acabaria por morrer, como o pai dele, cuja morte foi autorizada por ninguém menos que o pai do Bruno. Um pai mata o outro, supõe-se que indiretamente mata o filho do outro, mas assim ainda sai "de boa" depois do susto, com sua família, seu filho, são e salvo? Seria esse o <i>motto</i>? Claro, você poderia dizer que ele seria atormentado pelo que fez, um tribunal do pós-Guerra poderia julgá-lo e condená-lo, mas não vamos entrar nessas possibilidades.</span></span><o:p></o:p></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">O negócio é que, por trás da história de amizade, de uma história vista através dos olhos de um menino de 9 anos, estamos falando do Holocausto, e a História sempre vem cobrar seu preço - um, por exemplo, por que a Alemanha paga até hoje. E o livro passa, sim, uma mensagem, por trás do que se vê na tela. O preço tem que ser pago, e é justamente aí que entra a morte do Bruno - ela é o preço. Independente do que viria depois, se vai mudar ou não. Continuo acreditando que só a morte dele poderia operar a mudança, o susto não seria o bastante, e não seria JUSTO. Até porque, uma coisa que o filme não mostra, os meninos vão pra Auschwitz de trem, e o Bruno vê o trem com os judeus nos outros trilhos, abarrotados de pessoas, os dois saindo juntos. Percebe a simbologia disso? Trens diferentes, confortos diferentes, etnias diferentes, o mesmo destino, o mesmo fim. Desde o começo, e o filme trata de mostrar isso, você tem que os meninos, por mais que sejam diferentes, são muito mais parecidos do que se imagina. A mesma idade, se dão bem, a mesma língua e até mesmo eles concordam que são relativamente parecidos - daí o plano do pijama pro Bruno. O pijama, aliás, é o momento mais alto dessa similaridade, porque é aí que eles se tornam comuns, se confundem, tanto que acabam tendo o mesmo fim.</span></span><o:p></o:p></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">Vale a pena ver isso de "fim": o pai junta-se ao Partido Nazista, acreditando nos ideais do partido, recebendo Hitler em sua casa, contra a vontade dos pais - lembra-se das cenas das festas na casa deles em Berlim? Ele se torna um oficial da SS pela lealdade e competência, vai para Auschwitz ser comandante, autorizar e gerenciar a morte de algumas milhares de pessoas que, para ele, "are not people at all". E leva sua família, sem se dar conta dos riscos de perigo aos filhos, tão compenetrado no trabalho que não percebe as sumidas do filho, e até aí nem a mãe, ou pelo menos ela é ignorante do paradeiro real do Bruno. Percebe como, de certa forma, <i>he had it coming all along</i>? Outra expressão que me vem em inglês é aquela <i>the punishment should fit the crime</i>, que é válida no Direito também, e qual punição para o pai seria mais apropriada para quem tomou parte na II Guerra do jeito que ele tomou? Se estivéssemos falando de um soldado, um sargento, alguém sob ordens que faz a guarda do campo, que mata um soldado inimigo na batalha, é uma coisa. Mas ele, de mãos limpas, foi o responsável pela morte de algumas milhares de pessoas, de crianças a idosos.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">Você entende que, no fim das contas, a única justiça que o livro/filme poderia promover seria tirar do pai o filho, em compensação pelos outros tantos de filhos que ele tirou dos pais, ou dos pais que ele tirou dos filhos? O Bruno era inocente? Sim, mas até aí o Shmuel também era, e o pai dele [Shmuel] também, e ainda assim, morrem porque pessoas como o pai do Bruno acreditavam que eles não eram "people at all", e que ser soldado é "about duty, not choices", e ele fez a sua, que era tomar parte numa "vital part" da Guerra. Se o Bruno não morre, como fica essa justiça? Não fica! A mensagem que acaba sendo passada é a de que, não importa a atrocidade que você cometa, dá pra se arrepender e deixar tudo para trás, sem pagar um preço por isso - se o filme mostrasse alguns dos julgamentos de Nuremberg, e o pai sendo condenado, apesar do arrependimento, atéééééé daria pra engolir, mas não mostra. A gente tem que pensar que o filme vai até ali e acaba. A mensagem dele depende disso, não de suposições posteriores, mesmo que ele mudasse, fosse um pai dedicado, contra o Nazismo e blá blá blá. Seus crimes já foram cometidos, pessoas que morreram não iriam voltar. Achar que tudo ia se resolver e "dar certo" é ver a coisa com mais flores do que ela tem, uma solução meio filme mamão com açúcar, e apesar das crianças, <i>O Menino do Pijama Listrado</i> tá longe disso. Qualquer coisa com o Holocausto está longe disso, aliás.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">Você achou justo o Col. Landa do <i>Bastardos Inglórios</i> conseguir se safar daquele jeito? Imagino que não, mas ele ia, e o símbolo que o Brad Pitt faz nele é um tipo de compensação, porque não dava mesmo pra ele sair tão incólume assim. O duro pro pai do Bruno é que o "símbolo" que ele recebeu foi mais duro. Assim como uma cicatriz, a morte do filho nunca ia se apagar. Um susto, com o tempo, poderia ser esquecido.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">Enfim, escrevi uma bíblia e, confesso, ontem quase voltei da aula pra escrever isso, porque não saía da minha cabeça, depois que eu acordei da aula de Direito de Empresa. Cheguei atrasado e dormi o que "assisti" de aula. rs</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.5pt; text-align: justify;">B<span class="apple-style-span"><span style="color: #2a2a2a; font-family: inherit;">om dia pra você!</span></span><o:p></o:p></div></span></div>Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-42112954324460925092011-04-14T22:15:00.001-03:002011-04-19T01:00:01.397-03:00"Hello Peter, what's happening?"<div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgT_pVLmYY-4pNrv82ngro7-MsnPLolGp-o9kuAlFlnqV1KIzhCVK7RPo1gDVIxSfXsmRnxk33907nJNxsxPgmXfnVZDMvAq_1J0d1UkIF4CzADWz-6b2mW-xo6MrKSl_41iLJX2gh_Srx0/s1600/office_space.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgT_pVLmYY-4pNrv82ngro7-MsnPLolGp-o9kuAlFlnqV1KIzhCVK7RPo1gDVIxSfXsmRnxk33907nJNxsxPgmXfnVZDMvAq_1J0d1UkIF4CzADWz-6b2mW-xo6MrKSl_41iLJX2gh_Srx0/s200/office_space.jpg" width="136" /></a>Quem vê o título (ridículo) de <i>Como Enlouquecer Seu Chefe</i> (1999) e uma foto de Jennifer Aniston na lombada do DVD não pode se deixar enganar: comece a chamar o filme pelo nome original, <i>Office Space</i>, e meta na cabeça que ela é uma coadjuvante que aparece muito pouco. Mas estava em <i>Friends</i> e daí já viu: o rostinho bonito dela vai pra lombada e pra uma foto atrás. Personagens como Samir e Michael Bolton (uma das melhores piadas do filme) são muito mais relevantes do que ela, que faz o papel da garçonete Joanna.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">De qualquer maneira, é um filme que qualquer pessoa que trabalhou ou trabalha num escritório precisa ver. Ele é aquele sonho que qualquer um que fica na jaula corporativa por pelo menos 6 horas (se for escraviário) ou 8 horas (se for efetivado, CLT e o caralho a quatro) - ou mais do que isso, se você morar em SP e quiser ganhar um troco a mais e o apreço do seu chefe.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É sobre largar tudo. Relaxar e levar o trabalho numa boa. Dar o cano no chefe porque ficou dormindo. Chegar atrasado, de chinelo (ok, isso eu pulo), comer salgadinho, sair mais cedo. Ir fazer um almoço de 2 horas, xavecar aquela garçonete gatinha, ou sair pra tomar um café no meio da manhã sem ligar pro que vão dizer. Ser promovido por simplesmente constatar os fatos como eles o são e ninguém parece ver, sendo que isso vai te deixar trabalhar ainda menos. E, se der, ainda dar o golpe na empresa e se safar, porque alguém resolveu começar um incêndio - fique longe dos Miltons do seu escritório, ou pelo menos seja legal com aquele cara estranho que meio que fala pra dentro e consigo mesmo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas o filme em si é sensacional, o senso de humor dele. Há cenas "clássicas", copiadas por Deus e o mundo, como quando Stu (de <i>Family Guy</i>) arrebenta um disco de vinil, ou mesmo quando Bill Lumbergh (Yeeaaaah, só esse cara praticamente vale o filme) aparece em outros seriados. Já viu alguém mostrar sua "Oh face"? Se não, aqui está: <a href="http://www.youtube.com/watch?v=QzIN3EgBIHg">http://www.youtube.com/watch?v=QzIN3EgBIHg</a>. A música "Damn It Feels Good to be a Gangsta", do Geto Boys, gruda na cabeça, e você fica com vontade de arrebentar aquele seu computador que dá pau, ou máquina de xerox que emperra, ou cafeteira que só quebra - tudo isso no trabalho.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><i>Office Space</i> é do caralho, de verdade - e custa coisa de R$ 12,90 nas Lojas Americanas. Além de um legado de namoro que não deu certo, é dos meus filmes favoritos, e que passou a fazer muito, mas muuuuito mais sentido pra mim a partir de dezembro de 2010, quando eu entrei "pra equipe", e passei a ver que meu lado Peter Gibbons é bem mais fraco do que eu imaginava. Foi só botar o terno e gravata que ele foi domado.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Yeeeahh...</div>Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-2419180263642637062011-03-20T20:25:00.000-03:002011-03-28T20:50:04.988-03:00"Estás listo para irte?"<div style="text-align: justify;">Que ninguém duvide que Javier Bardem é um puta, mas um PUTA ator bom. <i>Mar Adentro</i> (2004) e <i>Onde Os Fracos Não Têm Vez</i> (2007) são duas ótimas provas, com um <i>Vicky Christina Barcelona </i>(2008) com tantas distrações que ele acaba não chamando tanta atenção.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNsK1AFgZ0IO3SaERsEl8dkQ9i-Br9AlzBP2T4qlppuuzwrnpRW8B_pYOofrCTXv7D-5N2oionkKRcpiZB4Jw32PcnEreO98PPypbT5RV3J0mBwtbLoAk1mQFZc5adWh_-l0l-EMolFfc7/s1600/biutiful.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNsK1AFgZ0IO3SaERsEl8dkQ9i-Br9AlzBP2T4qlppuuzwrnpRW8B_pYOofrCTXv7D-5N2oionkKRcpiZB4Jw32PcnEreO98PPypbT5RV3J0mBwtbLoAk1mQFZc5adWh_-l0l-EMolFfc7/s200/biutiful.jpg" width="138" /></a>Mas com esse belíssimo e tocante <i>Biutiful</i> (2010), o novo filme de Alejandro González Iñárritu, ele esfrega o chão com os competidores ao Oscar e a qualquer outro prêmio esse ano, Colin Firth e seu gaguejar que me desculpem - até porque foi a primeira indicação de Melhor Ator a alguém que não fala inglês num filme (sem esquecer nossa Fernanda Montenegro em 1998, por <i>Central do Brasil</i>). Assistir à desconstrução de um homem pode ser trágico, deixar mal - especialmente quem tem problemas com família e pai -, mas ele consegue fazer com que tudo que se sente seja... comoção. Não dó, nem pena. Mas comoção, por ver um pai tão dedicado, metido em tanta coisa errada, por um objetivo bom. Um homem que, mesmo com todos os motivos para chutar o balde e, por exemplo, nunca mais olhar pra cara da ex-mulher, o faz, e com toda a dignidade e doçura possíveis. Um homem que consegue se colocar de lado, e ajudar a tudo e a todos, numa condição que lhe dá todo o direito de ser egoísta.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O que se vê é que ele tem uma chance que poucas pessoas têm: de se preparar para partir, sem ter todo o dinheiro que o Jack Nicholson teve. Sem aventuras mirabolantes, que visam tão somente ao bel prazer de quem as faz; muito pelo contrário. Até o último minuto, ele tenta deixar as coisas certas, pra quem puder, ainda que, como qualquer ser humano, faça das suas cagadas, e termine atormentado por uma delas, bem grande e séria, exteriorizada num choro sofrido, honesto, que contagia. Difícil não chorar com ele, ou mesmo por ele, quando observa sua filha com uma cara de quem está, finalmente, em paz, e passa a uma alegria quase infantil, numa das cenas entre pai e filho mais simples e, ao mesmo tempo, significativas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quer dizer, esse é o tipo de filme que pode parecer um baita dramalhão, mas não é. Ele simplesmente toca, e ainda assim consegue ter cenas que fazem rir, e outras que dão certo medo - eu nunca lidei bem com pessoas no teto, ou espíritos. E faz você sair do cinema com vontade de abraçar seu pai, mesmo que ele não seja o Bardem, ou pelo menos dar aquela olhadinha pra cima e pensar "Que bom que escrevi aquela carta", porque fica parecendo que, no fim das contas, ela seria tão importante quanto o anel de casada que sua mãe deixa para seus filhos.</div>Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-5261708437890900242011-03-13T15:04:00.002-03:002011-03-15T00:15:09.914-03:00"What's wrong with this picture?"<div style="text-align: justify;">Sabe quando a gente fala sobre tiozão querendo ser moleque de novo, malhando feito um louco e andando com outro tiozão com correntes de prata pra fora da camisa, ou mulher com uns 50 e tantos anos vestindo-se como se ainda tivesse 20 e, pior, indo pra balada com as filhas?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZgw7OUPJMrJTXukyXlKlzngjBTvZv_o_qXLQh89cBvRVp6HsSWzzGO1Y3vV8xkXiJGsOEOfmm6k0rwXYM5RElqD5xKNRyaeKcrLcXg_a4Gb1-09VFEz6wIoi3MBUvOyFSbS2lvYn4XhqO/s1600/20100815-The_Expendables.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZgw7OUPJMrJTXukyXlKlzngjBTvZv_o_qXLQh89cBvRVp6HsSWzzGO1Y3vV8xkXiJGsOEOfmm6k0rwXYM5RElqD5xKNRyaeKcrLcXg_a4Gb1-09VFEz6wIoi3MBUvOyFSbS2lvYn4XhqO/s200/20100815-The_Expendables.jpg" width="135" /></a>Ver <i>Os Mercenários </i>(2010), o "grande" projeto de Sylvester Stallone (escrito, dirigido e estrelado por ele) ao lado de uma penca de fortões e Jet Li, alguns com mais de 40 ou até 50 anos, é mais ou menos assim - só que consegue ser pior. Acho que qualquer moleque, pelo menos que hoje está na casa de 25-35 anos, sonhou em ver o elenco do filme junto, dando sopapos uns nos outros, dando tiros em tudo que se mexe e explodindo até carrinho de pipoca. O bom de Jet Li (ainda que ele tenha 48 anos, pasme) e Jason Statham é que eles dão um sangue novo ao filme, e Mickey Rourke tem o bom senso de ficar de fora da pancadaria toda, mas o elenco é essencialmente quem todos nós, garotos, gostaríamos de ver num filme, faltando só Jean-Claude Van Damme (hoje com 51 anos) e uma participação muito mais expressiva do ex-governador Arnold Schwarzenegger, ao melhor estilo <i>Comando Para Matar (1985)</i> ou até <i>True Lies</i> (1994), apesar de que a coisa de uma equipe de mercenários cai melhor ao bom e velho Dutch, do fantástico <i>O Predador</i> (1987). Dolph Lundgren é quase uma piada pessoal para mim, mas eu confesso que gosto dele, em toda sua "tosquitude".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas ver esses tios todos, bombados, andando de motos, brincando de quem-é-melhor-em-jogar-a-faca, reunindo-se sempre num estúdio de tatuagem com motos, andando em carros que fazem o maior barulhão... putz, é péssimo. Aparece uma "gostosona" lá uma vez, mas fora isso, só um bando de machos, brincando de ser machos. E Stallone com uma baita cara de... tiozão com botox e maquiagem, que faz a sobrancelha, tirando ainda mais toda sua complexidade artística. Fica até difícil de acreditar que ele escreveu <i>Rocky, um Lutador</i> (1976), e que foi indicado ao Oscar por isso, além de por Melhor Ator. Fica parecendo um daqueles caras que se recusa a aceitar a idade, ou pelo menos aceitar com mais dignidade, como Robert Redford o fez. São dois tipos completamente diferentes, <i>I know</i>, mas mesmo assim, o próprio Schwarzenegger é bem mais versátil, nem que seja fazendo comédias toscas que dependem muito da sua falta de jeito para serem legais.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Pior de tudo: as cenas de ação são ruins! O enredo, claro, não faz muita diferença, e as tentativas de algum diálogo mais profundo são patéticas (no melhor estilo de "comover pela dor", porque é dar dó mesmo, de tão ruins). A papagaiada do General Garza, a super interpretação de Giselle Itié, o ex-agente da CIA do mal, até dá pra entender (quer dizer, alguém tinha que explicar exatamente por que a CIA ia querer um dos seus mortos, porque fica parecendo que é porque a droga é deles). Mas mesmo o <i>gran finale</i> parece que se passa num campo de paintball - e dos ruins -, o sangue é mal feito, sujeito perde a cabeça numa facada e logo em seguida aparece no chão com cabeça e tudo, sem sangue, uma arma .12 que faz paredes explodirem... é demais. Até mesmo o carinho paternal/fraternal/pedófilo de Barney Ross (Sly) pela bela, indefesa e com um fator de cura melhor que do Wolverine mocinha Sandra (Itié) é ridículo - só não foi pior por não ter beijo no final, depois da pérola de estar sempre por perto que eu prefiro nem lembrar.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sério, eu gosto de filmes de ação, mas esse foi demais. Gosto de coisas absurdas, mas bem feitas, e que sabem seu lugar, sem tentativas de profundidade numa história que começa na Bósnia e termina com uma mulher que se joga de uma ponte e coisas sobre salvar a alma. Cabeças podem e devem rolar, paredes serem arrebentadas, um monte de soldados-mosca morrem, tudo vai pelos ares, mas com dignidade, e sem tiozões de botox e com sobrancelhas feitas. Sem a sensação de "tem algo errado aqui", que a arte imitou a vida no pior aspecto possível, ou pelo menos em um dos mais ridículos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Só falta agora a seqüência sair mesmo (e a tendência de Hollywood é que isso aconteça mesmo), e acrescentarem Steven Seagal ao grande elenco. Vai ser uma bomba, de ruim e de loja de suplementos.</div>Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7133344501487477409.post-65692162220631596912011-03-10T22:40:00.000-03:002011-03-12T20:40:52.680-03:00"I didn't know that, tell me more."<div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-0ocu4ctXzii0s_sM6D1uBmAX8ajsFYYewm82TqopJqqny6DggCsvaxcTnMfXmwgs9v0eIoPdTjb9_ZZqHmdapLBsQuvj_wK9uFaIAExvApjqGoOanP8wqDjiRxJeOv_sTIabiNR55nYk/s1600/The-Social-Network.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-0ocu4ctXzii0s_sM6D1uBmAX8ajsFYYewm82TqopJqqny6DggCsvaxcTnMfXmwgs9v0eIoPdTjb9_ZZqHmdapLBsQuvj_wK9uFaIAExvApjqGoOanP8wqDjiRxJeOv_sTIabiNR55nYk/s200/The-Social-Network.jpg" width="135" /></a>Acredito que muita gente, como eu, não entendeu o <i>hype</i> que se criou em torno de <i>A Rede Social</i> (2010), o filme que leva às levas o livro de Ben Mezrich sobre a criação do Facebook. Afinal de contas, foram 3 Oscar e mais 5 indicações em branco, sem contar os Globos de Ouro e dois prêmios da BAFTA (um equivalente inglês ao americaníssimo Oscar). Que o roteiro é incrivelmente bem adaptado, só lendo o livro pra saber, mas prestando atenção a certos detalhes.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O grande lance do filme é, além do roteiro e as atuações pra lá de convincentes (quem lê o livro apenas fica achando que Mark Zuckerberg é um cara meio retardado e mudo, mas Jesse Eisenberg mostra que não), a edição dele. É apenas mais um daqueles prêmios técnicos pra que ninguém presta real atenção enquanto assiste à entrega dos prêmios, aproveita pra ir fazer xixi ou pegar chocolate, mas é fundamental. Por quê? Simples: você não percebe certas coisas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O livro é recheado de informações sobre pessoas, especialmente. Tem, claro, toda a parte de programação, e eu fui passando batido, e mesmo no filme fiz cara de "Ah, claro, é isso" quando eles falam sobre aspectos técnicos de programação. Só que conta muita coisa sobre Sean Parker (o cada vez melhor Justin Timberlake - nas telas), por exemplo, ou sobre como as coisas desenrolaram com todos os personagens... daí, você pega um cara que mandou bem no roteiro, e uma edição MUITO bem feita, e... de repente, todas as informações, TODAS mesmo, estão no filme, e em nenhum momento você pára e fica com aquela sensação de "De onde saiu essa informação?", tão incômoda em alguns filmes. Palmas para Aaron Sorkin (roteiro) e Kirk Baxter e Angus Wall (edição), que nunca vi mais gordos, mas que mandaram muito bem!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Pena, na real, que nem tudo é assim, e não dá pra pedir pra eles fazerem isso com a nossa vida. É triste, não?, quando as coisas que devem ser naturais entre pessoas não são assim porque toda hora é preciso parar, e explicar as coisas, mostrar informações, mastigar, explicar. E daí, <i>bye bye</i> "fluência", leveza. As coisas deixam de fluir naturalmente, e parece que somos lembrados do problema em si, em vez de prestar mais atenção ao contexto maior, ao filme em si. É mais ou menos como contar uma piada, tendo que parar pra explicar tudo. Perde a graça, quando chega no final, já era.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O curioso foi que percebi recentemente, qual era o grande mérito do filme: essa leveza com a quantidade de explicações e informações nele. E me lembrei na hora de quando a Isabelle reclamava do meu contar histórias, repleto de pausas por detalhes e divagações. Elas são legais, mas têm que ser curtas, porque no fim das contas, se perde o interesse, e fica cansativo ficar parando toda hora. E foi vendo a história de Mark e Eduardo Saverin que eu me toquei disso, só que com a experiência que eu não via estar vivendo, e sem meu bilhão de dólares.</div>Paulo Tiagohttp://www.blogger.com/profile/11585364545117682379noreply@blogger.com1