
Paul Giamatti é um baita ator, (in)felizmente meio esquecido por grande filmes (a não ser pelo péssimo Mandando Bala, mas quem não faria um filme ruim pra estar perto da Monica Bellucci?), e a idéia do filme é bastante interessante, me fazendo pensar de cara que era uma coisa mais séria, meio... Charlie Kaufman. Virou meio que ligar batido eu falar de Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, pelo tanto que eu gosto do filme, mas é meio impossível não ver um quê de proximidade ali, a começar pela idéia de extrair aquilo que está dentro de você e te traz dor. Aqui, sua própria alma; lá, suas lembranas, sua memória. Mas tem também uma coisa meio cômica na situação como um todo, o tráfico de almas, os aluguéis e as próprias falas.
Imagina alguém chegar pra você e perguntar "O que diabos a minha alma está fazendo na Rússia?", na maior calma, ou mesmo dizer "Eu estou desalmado, mas serão só por duas semanas". Acho que consegue ser mais inacreditável do que o próprio processo que o filme mostra, a extração da alma. Ou até do que ir apagando memórias, uma por uma, e rever uma casa na praia sendo despedaçada, pouco a pouco. Só que o que Brilho Eterno tem de interessante e triste, Alma Perdida tem de interessante e cômico, talvez - e olha aí uma grande ironia - porque a gente fique mais emocionado ao ver um amor se acabar do que ao ver a pessoa se despedaçar por dentro, perder a sua essência. Se é amor, é bonito, seja de quem for (especialmente o dos outros, aliás); se é do interno dos outros, problema deles.

Eu me incluo, pelo menos no lugar do Jim Carrey.
Já quis muito uma lacuna inc. na minha vida, pra apagar os sofrimentos que voce bem sabe. Mas aí continuo pensando mais um pouquinho e vejo que é tudo mentira. Pq apagar a memoria assim, a gente apaga as coisas ruins e as boas tambem. E eu acho q as coisas boas tem que ficar pra sempre. As ruins no final das contas a gente sempre esquece mesmo...
mas dar umas ferias pra alma seria bem interessante.
Aleluia!!!
:)
Eu amei esse filme! imagina, estocar a sua alma em New Jersey por duas semanas? Fazendo uma adaptação, seria como mandá-la para Osasco... sensacional!
mas ele me pareceu bem mais "Quero ser John Malcovich" do que "brilho eterno"... bem mais divertido!
:)
bjs
[ Sobre Eternal sunshine of the spotless mind ]
Todos se pegam pensando nisso. Creio que inevitavelmente.
Mas, depois de algumas várias cicatrizes, ainda em tempos próximos ao lançamento do filme, compreendi que seríamos quaisquer coisas menos nós mesmos, se apagássemos uma ou outra lembrança intencionalmente. Depois que passei a estudar memória de uma maneira mais íntima, percebi que a própria circuitaria das memórias se encarrega de apagar o que não nos é necessário. E, para todas aquelas lembranças demasiado pesadas, há sempre uma mais leve para nos fazer sorrir. :)
O importante não são as memórias dos fatos, mas aquilo que a gente faz com elas. :) [ Lê sobre memória episódica e memória autobiográfica. É uma coisa tão, mas tão linda! ]