"But guess what? Sunday's my favorite day again."

Talvez a indicação para o prêmio de melhor filme de O Lado Bom da Vida (2012) seja comparável àquela de Melhor É Impossível (1997), justamente por não serem duas mega produções, daquelas que levam as estatuetas por histórias mirabolantes ou pelo menos grandiosas. Ao menos é o que parece, inicialmente: não tem navio naufragando, e não se trata da história do presidente mais mitológico dos Estados Unidos, ou mesmo de um resgate espetacular realizado por - surpresa! - norte-americanos.

E são dois daqueles filmes cujos méritos estão, logo de cara, na escolha do elenco, mais do que apropriado para contar histórias que podem parecer simples mas que, na verdade, são humanamente grandiosas - e são histórias de amor, em ambos os casos. Ninguém aqui seria louco de colocar Bradley Cooper no mesmo patamar de Jack Nicholson, ainda que ele esteja melhorando cada vez mais. Jennifer Lawrence, no alto dos seus 22 anos, tem mais potencial de que Helen Hunt, que levou um merecidíssmo prêmio naquele ano, e temos um elenco de primeira como coadjuvantes: hoje, Robert De Niro, voltando a se destacar; em 1997, Greg Kinnear e Cuba Gooding Jr., surpreendentes e talvez sem nunca mais repetir atuações tão boas.

Mas bons atores não fazem verão, sozinhos. É impressionante como os dois filmes tratam de um gênero que é um perigo para clichês bobos, e melosos, sem (praticamente) nunca caírem neles. O Lado Bom ainda tem um agravante perigoso que é uma competição de dança, evento já explorado por Jennifer Lopez e outros tantos que... bem, são bonitinhos mas limitados. E essa parte é até bem previsível, mas mesmo assim não estraga o filme, longe disso. O enredo todo é tão bem construído, tão bem conduzido que você acaba por, pelo menos, estar disposto a ver um happy ending sem achar que isso vai ser um truque barato para agradar à audiência.

Isso porque são daquelas histórias tão possíveis, tão reais, e com pessoas (não ouso dizer "personagens") tão carismáticos, em situações tão possíveis e crivadas de possível que chega a deixar de ser filme, simplesmente. A ficção ganha ares de realidade a ponto de se querer o bem daquelas pessoas, que merecem mesmo coisas melhores. Que merecem uma chance de consertar, de arrumar a própria vida, que não foi arrasada por alienígenas, nem por mafiosos malvados ou supervilões: os únicos vilões são eles próprios, e seus problemas de vida real. Um mental breakdown, um marido que morre cedo demais, uma maternidade solteira, sérios transtornos obsessivo-compulsivos.

São filmes de e sobre gente que reconhece no outro alguém que é tão imperfeito quanto si mesmo, e por isso algo pode acontecer ali, por isso pode dar certo. A vida ganha outro sentido, entra nos eixos, e coisas simples, como jantares e elogios, ou jogos de futebol aos domingos, passam a ser tão importantes em dar à vida aquela perspectiva positiva, aquele lado bom.
2 Responses
  1. Fábia Braga Says:

    Muito bom o filme, foge dos clichês que estamos acostumados a ver de monte. E concordo que os personagens são carismáticos, inclusive a verdade que eles transmitem gera uma simpatia espontânea. Recomendado. Aliás, o texto é muito bom, gostei!


  2. Natalie Says:

    As cenas de musica/dança são sempre as melhores :D