"I didn't know that, tell me more."

Acredito que muita gente, como eu, não entendeu o hype que se criou em torno de A Rede Social (2010), o filme que leva às levas o livro de Ben Mezrich sobre a criação do Facebook. Afinal de contas, foram 3 Oscar e mais 5 indicações em branco, sem contar os Globos de Ouro e dois prêmios da BAFTA (um equivalente inglês ao americaníssimo Oscar). Que o roteiro é incrivelmente bem adaptado, só lendo o livro pra saber, mas prestando atenção a certos detalhes.

O grande lance do filme é, além do roteiro e as atuações pra lá de convincentes (quem lê o livro apenas fica achando que Mark Zuckerberg é um cara meio retardado e mudo, mas Jesse Eisenberg mostra que não), a edição dele. É apenas mais um daqueles prêmios técnicos pra que ninguém presta real atenção enquanto assiste à entrega dos prêmios, aproveita pra ir fazer xixi ou pegar chocolate, mas é fundamental. Por quê? Simples: você não percebe certas coisas.

O livro é recheado de informações sobre pessoas, especialmente. Tem, claro, toda a parte de programação, e eu fui passando batido, e mesmo no filme fiz cara de "Ah, claro, é isso" quando eles falam sobre aspectos técnicos de programação. Só que conta muita coisa sobre Sean Parker (o cada vez melhor Justin Timberlake - nas telas), por exemplo, ou sobre como as coisas desenrolaram com todos os personagens... daí, você pega um cara que mandou bem no roteiro, e uma edição MUITO bem feita, e... de repente, todas as informações, TODAS mesmo, estão no filme, e em nenhum momento você pára e fica com aquela sensação de "De onde saiu essa informação?", tão incômoda em alguns filmes. Palmas para Aaron Sorkin (roteiro) e Kirk Baxter e Angus Wall (edição), que nunca vi mais gordos, mas que mandaram muito bem!

Pena, na real, que nem tudo é assim, e não dá pra pedir pra eles fazerem isso com a nossa vida. É triste, não?, quando as coisas que devem ser naturais entre pessoas não são assim porque toda hora é preciso parar, e explicar as coisas, mostrar informações, mastigar, explicar. E daí, bye bye "fluência", leveza. As coisas deixam de fluir naturalmente, e parece que somos lembrados do problema em si, em vez de prestar mais atenção ao contexto maior, ao filme em si. É mais ou menos como contar uma piada, tendo que parar pra explicar tudo. Perde a graça, quando chega no final, já era.

O curioso foi que percebi recentemente, qual era o grande mérito do filme: essa leveza com a quantidade de explicações e informações nele. E me lembrei na hora de quando a Isabelle reclamava do meu contar histórias, repleto de pausas por detalhes e divagações. Elas são legais, mas têm que ser curtas, porque no fim das contas, se perde o interesse, e fica cansativo ficar parando toda hora. E foi vendo a história de Mark e Eduardo Saverin que eu me toquei disso, só que com a experiência que eu não via estar vivendo, e sem meu bilhão de dólares.
1 Response
  1. Mayte Hueza Says:

    Assisti "Sexo sem compromisso" com a sua musa Natalie Portman ontem... (você vai gostar de algumas cenas "picantes" com ela)
    Ela tem um lado Summer, que também me lembrou demais você até certo ponto do filme.

    Tem uma personagem explica tudo, comenta cada ação e o Ashton Kutcher fala pra ela: "Nem tudo precisa ser dito!"
    ...
    Você tem razão... mas eu ainda não vi esse filme do FB, então não opino sobre ele.