"Goodnight, Benjamin"

Hoje, eu pensei em escrever um post de certa forma com um quê de resenha crítica, sobre um personagem que é um paradoxo sem nem mesmo tentar, protagonista de uma fábula sobre o tempo. Um texto mostrando como algo é bom como disseram, ou mesmo tentando convencer quem não viu a coisa através dos meus olhos a enxergar um pouco por eles e ver a mágica que eu vi. Pensei mesmo, até que acabou, e eu vi que não ia conseguir.

Eu ri e eu chorei. Eu me identifiquei com certas situações, me emocionei com outras. Eu fiquei pensando no tempo e nas possibilidades, tanto nas que temos quanto nas que deixamos de aproveitar, e como isso pode mudar tudo. Eu pensei em como pequenos detalhes podem mudar o curso de nossas vidas, sem que saibamos ou possamos perceber. Eu pensei em o que é ficar sozinho e no medo que temos disso. Eu pensei nos meus pais, na minha avó, nos meus amigos - pensei nas pessoas que amo. Eu pensei em como passamos nossas vidas nos desencontrando, mas que ao mesmo tempo tudo acontece na hora certa, mesmo os encontros e, especialmente, os desencontros. Eu pensei em como eu tenho reclamado da vida, quando você tem pessoas que teriam muito mais motivos para fazê-lo, e ainda assim não o fazem. Eu pensei em tristezas e alegrias que eu tive, tenho e talvez vá ter na vida. Eu pensei em sacrifícios por amor que somente os pais conseguem fazer. Eu quis ter a capacidade, como nunca, de conseguir decorar um script inteiro, do começo ao fim, porque vi diálogos muito mais interessantes do que em outros tantos filmes. Eu fiquei maravilhado, me sentindo diferente. E eu me apaixonei por Cate Blanchett, me rendi a Brad Pitt.

Hoje, eu fui ver O Curioso Caso de Benjamin Button.



The Dark Knight

Dessa vez, não tem resenha, nem epígrafe. Não vale a pena, e uma palavra só basta, usada pela Batotis.

Sensacional.

Tudo, simplesmente tudo. Não só pelos atores, pelos efeitos, pela ação. Tudo.


Lady Goodman

Penny Lane: I always tell the girls, never take it seriously, if ya never take it seriosuly, ya never get hurt, ya never get hurt, ya always have fun, and if you ever get lonely, just go to the record store and visit your friends.

William Miller: I have to go home.
Penny Lane: You are home.
Por essas e outras que eu poderia ter me apaixonado por você. Mas eu só queria ser seu amigo, juro.



PS: pra alguns, o título é um spoiler.

"It's over, Johnny. It's over!"

John J. Rambo: Live for nothing... Or die for something... Your call.

* * *

Depois de séculos, finalmente fui ao cinema ver o novo filme do Stallone. Na verdade, o "novo" velho filme, porque a esse Rambo IV não tem nada de novo - nem mesmo titio Stalla pagando de novinho ou tentando revivier um de seus antigos personagens, como Rocky Balboa já tinha mostrado ano passado. Mas, se você for assistir pensando que é um filme de ação pra divertir sem maiores pretensões, ele cumpre seu papel, e até que bem.

Mas daí eu confesso que voltei pra casa pensando nos outros filmes da série Rambo, e na relação deles com esse novo. Será que eu não consigo MESMO ver um filme sem pensar em algo de mais complexo? Saco.

Mas, enfim... voltando ao primeiro filme da série (que em inglês nem mesmo se chama Rambo, mas sim First Blood), é gozado ver como John Rambo naquele filme mais é um homem perturbado, que é provocado na hora errada e do jeito errado, e isso leva a algumas mortes e a um posto de gasolina explodindo. Mas nem de longe o personagem é um herói de guerra, uma máquina de matar como ele viria a ser mostrado depois; tanto que por mais que o Marcão, por exemplo, fizesse piada com os diálogos do filme, eles eram infinitamente mais bem construídos do que qualquer fala que eu vi hoje - tanto que a epígrafe aqui em cima é de certo a fala mais "inteligente" ou profunda do filme. Sem contar que uma fala do tipo "Fuck the world!" é o que a gente vê de mais atormentado no Rambo. Tanto que o nível de violência nos filmes, independente de estarmos falando de 1982 e 2008, é incrivelmente distante porque, ainda que eu não os detalhes tão frescos na cabeça do primeiro filme, lembro que o que ele fazia era mais uma consequência do que era feito pra ele, e agora o bicho virou simplesmente uma máquina de matar (236 mortes) que consegue arrancar o pomo de Adão de alguém na raça e tem um facão que tira cabeças e tripas.

Depois veio Rambo II, que já mostra a máquina de matar. Claro, dá pra pensar que o filme tem um lado de mostrar legal como um soldado pode ser usado pelo Governo pra fazer o serviço sujo, mas ainda assim é basicamente um filme de ação, com o sujeito tirando do apoio do helicóptero uma metralhadora que faria o braço de qualquer um se deslocar. Mas o filme é legal, mesmo! Sem contar que o Rambo se dá bem, dando uns beijos na mocinha espiã do filme, pra ela morrer logo em seguida. E entram os russos em cena! Qual fã de ação esquece a tortura na cama elétrica, ou mesmo o corte com a faca em brasa no rosto dele? A faixinha vermelha, pela primeira vez, sendo amarrada na testa na hora do pega-pra-capá? O gritinho dele destruindo o acampamento do exército no helicóptero e a perseguição que vem logo depois, pra acabar com o tiro de bazuca, são simplesmente fenomenais, extramente bem feitas. E, de novo, estamos falando de um filme de ação. Ponto.

(ah, e a faixinha rolava em todo santo episódio do desenho animado, uma das coisas mais mal feitas que eu já vi na vida)

Na hora de falar sobre Rambo III me sinto suspeito, porque eu simplesmente A-DO-RO esse filme, fato. Dublado ou legendado. Com o Omar Shariff fazendo o velho árabe sábio (o Masoud). Aquela ladainha no começo do filme com as lutas na Tailândia e com os monges. Afinal de contas, ele usa pólvora pra curar um ferimento - acho que a coisa mais de macho que já vi num filme -, entra num jogo estranho (chamado buzkashi) com cavalos e um carneiro morto pra ganhar e dá conta praticamente de um batalhão de russos malvados, derrubando dois helicópteros com uma metralhadora e com um arco-e-flecha. Fora isso, o general russo Zaysen é o melhor dos filmes, com o arzinho de ironia constante no rosto dele e ainda assim conseguindo passar a impressão de que ele seria capaz de te capar com um cortador de unha sem expressar nada. Daí tem a cena final, que começa com uma frase irônica vinda do Rambo fantástica ao ver um exército vindo pra cima, enquanto ele e o Coronel estão em cavalos. Vai assim:

C. Trautman: What do we do?
Rambo: Well, surrounding them's out of the question...

Tudo bem, empolguei. Mas é um bom filme de ação, simples assim. Violento, com ritmo de non-stop e que é bem feito. Tem o melhor absurdo de filme de guerra, que é uma batida de frente de um tanque e um helicóptero, e ainda assim todo um tom irônico se pensarmos que à época (1988) os afegãos eram os coitados oprimidos pelos soviéticos comunistas comedores de criancinhas, e em 2001 eles viriam a ser os fucking terroristas que jogaram os aviões nas torres e no Pentágono, chocando o mundo. Essa arte, hein?

Agora, finalmente chegando a Rambo IV... fica meio decepcionante. A começar que a tal Birmânia chama-se Miamar hoje em dia, mas as cenas de guerra civil e de como os soldados são com as pessoas são, infelizmente, bastante realistas. Os americanos bobinhos e bem intencionados estão lá, tem a figura de um comandante do mal (dessa vez um major pedófilo, acho eu) que tem uns óculos bem bacanas, por sinal, mas nada de russos, ou mesmo do drama do primeiro filme. Ficou longe disso, na verdade, e ainda assim algumas mudanças vieram bem. Não tem helicóptero, e os vilões do filme não falam um A de inglês, então fica sem aquela lenga-lenga de dar explicações do porquê do que fazem - como se houvesse justificativa, e não tem um beijo sequer! Sim, é incrível! Ainda que tenha vários outros clichês e frases prontas, não tem esse! Claro que há um ar todo mítico em volta da figura do próprio Stallone (que bancou a coisa toda, e ainda dirigiu o filme) e do Rambo, porque quem vai ver e tem mais de 24 anos vai sentir aquela coisinha nostálgica de quando via outros filmes, e é aí que o filme perde pontos, não pela sua qualidade isoladamente. O filme não tem aqueles típicos dois ataques, um dando errado (geralmente quando o Rambo é preso e torturado, nem que seja um pouco) e o outro dando certo, pra ele sair gritando e metralhando - é um só, bem discreto, pra um desfecho sangrento, em que a arma em si faz mais diferença do que ele. Aliás, ele inspira até um pacifista a matar a pedradas, mas quem nunca teve esse instinto? A cena final, do tipo "I'm coming home" é muito clichê, do pior, porque é ligada diretamente a um diálogo péssimo com a Sarah "eu toco o coração do bruto" Miller, mas curiosamente lembra e MUITO a abertura do primeiro filme... até mesmo o cabelo dele!

É um filme de ação ao melhor estilo "tiros, mortes e sangue", e no meio de tanta coisa visualmente mais bonita hoje em dia não faz feio não. Mas deixa claro uma coisa: Rambo já deu. Esse filme diverte e é pra ser visto no cinema ou em casa com um aparelho legal, é isso, mas tá na hora de dar ouvidos ao Coronel Trautman quando ele diz que acabou, e deixar por isso mesmo.

Burnham

Lester Burnham: [narrating] It's a great thing when you realize you still have the ability to surprise yourself.
* * *

Beleza Americana é meu filme favorito, ainda ontem eu disse isso. Muita gente, a maioria na verdade, diz que é bom mas nem de longe é o favorito. Bom, é o meu. Ter visto isso com 16 anos e ir morar nos EUA mudou minha perspectiva, sem contar que Lester Burnham (o sempre bom Kevin Spacey) se tornou de certa forma um molde pra mim. Não pela maconha, ou por querer comer a amiga da filha, mas o homem tem as melhores frases que algum filme pode ter. Talvez só Casablanca (que finalmente vi!) tenha diálogos melhores, mas ainda assim... sem contar que o filme em si é visualmente bonito, e a trilha sonora faz milagres - a última cena do filme, por exemplo, quando ele conta o flash da própria vida. Sim, eu choro nela.

Mas hoje eu vi, às 9 da manhã, como essa frase acima é verdadeira. Como é bom perceber que você ainda consegue se surpreender, ainda que o "truque" matinal não seja nenhuma novidade, e me fez ver melhor ainda como eu gosto de andar de ônibus em São Paulo.
Lester e Tati, muito obrigado. Se jogar é impreciso, Pessoa, mas preciso também.

"Old love rusts not."

"My Dearest Allie. I couldn't sleep last night because I know that it's over between us. I'm not bitter anymore, because I know that what we had was real. And if in some distant place in the future we see each other in our new lives, I'll smile at you with joy and remember how we spent the summer beneath the trees, learning from each other and growing in love. The best love is the kind that awakens the soul and makes us reach for more, that plants a fire in our hearts and brings peace to our minds, and that's what you've given me. That's what I hope to give to you forever. I love you. I'll be seeing you. Noah"

* * *

It's no secret to anyone that I cry in movies. I mean, if you know me a bit beyond the 23-year-old kid who's always trying to crack jokes, saying something stupid or even swearing with a cheesy smile, you should know that I can cry reading a book, listening to a song or, especially, watching a movie. Not thanks to my father's influence, I must say.

But lately I've watched three movies which sent me straight to what a good friend once wrote, about how lovely it is to see old people who are still in love. The movies were El Hijo de la Novia (The Son of the Bride), Elsa y Fred (Elsa & Fred) and The Notebook, and I have a feeling from now on they are to be called "Old Love Triology", but "old" being a hell of a good word. It is, indeed, beautiful to see how some people can resist time, and even though clearly their bodies and their minds can't, their love can. Funny enough, such movies also made me think of a quote I once read in a book, which I keep in the same place I put it 6 years ago. The sentence, which entitles this post, is a German proverb, and is very true in the the first and the last movies, since Elsa y Fred show how older people, those who are supposed to be "done", can still fall in love.

More important it was, for me, to see how ever lasting a relationship can be, despite all adversities. Not even memory - or its lack of - can prevent one from fulflling his beloved's dream or even from recognizing the person for whom one has once fallen and has never stood back up. Billie Holiday sings in "I'll Be Seeing You" about "all the old familiar places / That this heart of mine embraces / All day through", and she couldn't be more correct, especially because for those who love and manage to make such a feeling last for that all places, be it the place where they met, be it any summer morning. And, of course, that makes me think that I want to be that one, not to mention the smile it puts on my face every time I spot a couple who could clearly be my grandparents; and even though I nearly threw up seeing Tarcísio Meira kissing Sônia Braga on TV (ugh!) I feel jealous when I see such couple live.

In fact, more often than not, I've found myself having lunch with my grandma, picturing what it would be like if my own grandpa was alive, even though I've never met him - he died long before I was born. I guess they'd be a cute couple, but my grandma wouldn't be as good mooded as she is. I suppose this is because once I heard a movie line, I'd say, in which the guy told the girl she was someone he'd like to grow old with, and that sounded so true that somehow it became a "rule of the thumb" to me. Not a rule, ok, but the way he - and whoever he is - put it just seemed... right.

There's another quote which comes to my head now, and it's more appropriate than ever - "For those who love, time is not", by Henry Van Dyke. We are so used to seeing young couples falling in love (and Hollywood loves to show that, indeed!) that sometimes we fail to see ahead of us, and sometimes that is even more important, because once you know where - or WHEN - you want to get, you find your way. Maybe not easily, but eventually you do.

* * *

This post was in English because some people just HAD to be able to read it. E um dia eu até faço a tradução dele, mas dá preguiça. =P