Kick Ass é, antes de qualquer coisa, é um filme bastante violento, ao contrário do que alguma idéia que os posters (muito bons, por sinal, especialmente os dos EUA), uma olhada inicial e Chloe Moretz (a irmã de 12 do Tom de (500) Dias Com Ela) podem dar. É sangue, bastante, e até mesmo um pouco perturbador para algumas pessoas, se ligar menininhas a balas na cabeça revira o estômago de alguém. É um filme de ação, com uma trilha sonora bacana

Kick-Ass: "With no power comes no responsibility." - uma "piada" em cima da fala-lema do Homem-Aranha.
Red Mist: "Wait 'til they get a load of me!" - o Coringa de Jack Nicholson fala isso no Batman, de 1989.

Claro que é provável que mais garotos se interessem pelo filme do que meninas, até pela coisa de ação + super-heróis (é... "super-heróis"), mas é um filme já feito pra uma geração mais pop do que testosterona. O YouTube deitando e rolando, até pra dar o começo real da história. A trilha sonora é boa pacas, moderna (Mika) e ao mesmo tempo não (Ennio Morricone, afinal de contas, quem mais daria o tom de western pra um filme tão bem?). Christopher Mintz-Plasse puxa Superbad (um... clássico?) e McLovin' pela memória, e não dá pra não gostar desse moleque. Não vale a pena perder por preconceito, a menos que ver gente sendo morta (pelo olhos de um ursinho de pelúcia, que ironia fantástica!).
E é um alento pra qualquer geek. A discussão que os garotos têm no começo (dentro de uma loja de quadrinhos muito maneira, com um Homem-Aranha em tamanho real, diga-se de passagem) sobre o que aconteceria na "vida real", ou mesmo quando Dave/Kick Ass pensa em Peter Parker/Homem-Aranha e meninas... bom, fica até curioso. Ele consegue a menina, Kate (que solta algo incrível como "If I had the chance, I'd fuck his brains out" só pra gente ficar bobo e com inveja da cena seguinte), e daí você se pergunta "Se ele consegue, será que eu na vida real consigo?", apesar do plano de amigo gay ser um pouco demais. Acho que a gente consegue, no fim das contas. Geeks e nerds têm lá seu charme, e isso vale pra ambos os sexos.
Não deu pra não pensar numa frase também no começo... duas, na verdade.
Dave Lizewski: Jesus, guys, doesn't it bug you? Like thousand of people wanna be Paris Hilton and nobody wants to be Spider-Man.
Kick Ass: The three assholes, laying into one guy while everybody else watches? And you wanna know what's wrong with me?
É curioso, mas é assim mesmo, não? Principalmente a molecada de hoje em dia, só se espelha e admira quem não presta. Paris Hilton é role model, mas os super-heróis não. Mesmo o coitado do Capitão América teve que morrer, porque... bem, o mundo não tinha mais lugar pra ele, e não só o da Marvel. Precisávamos de um cara mais flexível e que tem ideais menos 40's, mais modernos. E isso de a gente só ficar olhando... sad but true. Me lembrou a vez que eu vi um menino sendo assaltado na Santa Cecília, e fiquei lá, olhando, tentando criar coragem pra fazer algo, enquanto todo mundo fazia de conta que nem via, passava reto, bem como o cara da janela que acaba morto - curioso, porque justamente ele que não faz nada acaba assim, sendo que na vida real geralmente é o contrário.
Será que falta um pouco de Kick Ass em mim? Ou eu fiz foi bem, e assim caminha a humanidade, com super-heróis com poderes nos quadrinhos e os sem poderes também nos quadrinhos, e a gente só consegue fantasiar sobre algo assim?