
Paul Giamatti é um baita ator, (in)felizmente meio esquecido por grande filmes (a não ser pelo péssimo Mandando Bala, mas quem não faria um filme ruim pra estar perto da Monica Bellucci?), e a idéia do filme é bastante interessante, me fazendo pensar de cara que era uma coisa mais séria, meio... Charlie Kaufman. Virou meio que ligar batido eu falar de Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, pelo tanto que eu gosto do filme, mas é meio impossível não ver um quê de proximidade ali, a começar pela idéia de extrair aquilo que está dentro de você e te traz dor. Aqui, sua própria alma; lá, suas lembranas, sua memória. Mas tem também uma coisa meio cômica na situação como um todo, o tráfico de almas, os aluguéis e as próprias falas.
Imagina alguém chegar pra você e perguntar "O que diabos a minha alma está fazendo na Rússia?", na maior calma, ou mesmo dizer "Eu estou desalmado, mas serão só por duas semanas". Acho que consegue ser mais inacreditável do que o próprio processo que o filme mostra, a extração da alma. Ou até do que ir apagando memórias, uma por uma, e rever uma casa na praia sendo despedaçada, pouco a pouco. Só que o que Brilho Eterno tem de interessante e triste, Alma Perdida tem de interessante e cômico, talvez - e olha aí uma grande ironia - porque a gente fique mais emocionado ao ver um amor se acabar do que ao ver a pessoa se despedaçar por dentro, perder a sua essência. Se é amor, é bonito, seja de quem for (especialmente o dos outros, aliás); se é do interno dos outros, problema deles.

Eu me incluo, pelo menos no lugar do Jim Carrey.