Pois é, depois de tanto tempo, tantos alunos me enchendo o saco, tantos adultos me surpreendendo por serem fãs e de tanto Robert Pattinson pra lá e pra cá, eu fui ver Crepúsculo, a adaptação cinematográfica dos livros de Stephenie Meyer. E, confesso, esperando uma bomba, daquelas que te fazem passar o filme se mexendo na cadeira e olhando para o relógio. Foi até curioso, mas quando recebi um convite para ir ver o então por estrear Lua Nova, a continuação da saga, brinquei falando que só veria em HD e numa TV de todas as polegadas possíveis, até que umas 3 semanas atrás, isso aconteceu, assim mesmo. E essa semana agora teve a tal continuação.

O primeiro filme é dirigido por Catherine Hardwicke, que já tinha feito o interessante
Aos Treze, que conta a história de (atenção!) adolescentes que descobrem o mundo adulto, sexo e drogas, aos treze anos. Já o segundo mudou de mãos, já que o diretor de
Lua Nova é Chris Weitz, que tinha feito o bobo
A Bússula de Ouro e o ótimo
Um Grande Garoto. Isso não deveria ser muito curioso, porque estamos falando de adolescentes e adaptação de livros daquelas que geram milhares de similares ou desenterram porcarias que ganham certa projeção por tratarem do mesmo tempo. Foi assim, por exemplo, com
O Senhor dos Anéis, que levou a
A Bússula de Ouro, e agora a série de Meyer que gerou uma infinidade de filmes e livros de vampiros, com coisas boas e outras nem tanto. Ou seja, foram chamados os "especialistas", até porque trazer Peter Jackson seria uma piada de muito mal gosto.
Apesar do frenesi, nenhum dos dois filmes têm o calibre pra isso, nem de longe. O elenco tenta, até que é competente, mas ele se debruça horrores sobre Robert Pattinson, que é bonito mesmo, e depois no corpitcho sarado de Taylor Lautner, que passa o segundo filme praticamente todo sem camisa, numa atitude típica do nosso tupiniquim Marcos Pasquim. Só que nunca vi um povo fazer tanta de cara de prisão de ventre como Edward e Bella, os personagens principais do primeiro filme, ou mesmo as caras de "estou enfezado e sou sexy" de Jacob, no segundo filme. Só que... nem isso atrapalha. Os filmes conseguem convencer e, para minha surpresa, divertir. Bobo, mas diverte, apesar de certas partes de ambos os filmes se arrastarem a ponto de fazer a platéia sentir aquela sensação de "Vai logo, por favor?". Cheguei a pensar em Dragon Ball Z e as intermináveis lutas, mas aqui é um beijo, ou uma crise de choro, ou então aquelas cenas clichê do tipo "estamos nos conhecendo e nos apaixonando", sem os sorrisos, risadas e beijos. As cenas de ação do segundo filme, e mesmo alguns dos diálogos, fazem com que ele seja mais interessante e menos arrastado, e isso acho que é mérito de roteiro e de direção.

Bom, a verdade é que são filmes para adolescentes, sem tirar nem por. Qualquer adulto que assiste aos filmes não consegue deixar de achar os personagens infantis e bobos, sendo adolescentes que são, porque não sabem o que fazer e complicam tudo mais do que se precisa. Aqui, porque Edward é um vampiro, Bella é a menina que não se encaixa e fica com uma meia careta, e Jacob é um lobisomem que quer a pele branca e brilhante da vampirada. Só que o vampiro e a moça se apaixonam, e não podem ficar juntos. Daí, o rapaz que é o lobisomem se apaixona pela moça que acaba gostando dele também, mas não esquece o primeiro amor. O que tem de novo nisso? Nada, na verdade. Troquemos a parte de vampiros e lobisomens por ricos e pobres, cristãos, judeus e muçulmanos ou mesmo palmeirenses, corinthianos e bam-- são-paulinhos, e temos a mesma história. O interessante aqui é que não dá pra menina sair dando pros dois, sem saber quem é melhor de cama ou alguma bobagem assim, o que aumenta e bastante a coias do platonismo na relação triangular deles, e isso acaba por funcionar, até. Fica mais do que óbvia a influência de
Romeu e Julieta no casal principal, e pelo menos espero que a molecada que lota os cinemas ou faz a alegria das editoras se volte ao bom Bill e suas peças, pelo menos.
Ok, eu não sei muito bem o que escrever sobre esses fenômenos. Sabe quando simplesmente você assiste e acaba gostando, em grande parte pela bomba que eu disse esperar? Mas é aquele gostando cheio de ressalvas que eu tento ignorar, ou estaria xingando o filme. Pra que falar que a construção do enredo do filme é meio tosca, e fica tudo parecendo que são questão de dias, desde a chegada de Bella à escola ao seu amor sem fim por Edward? Pra que falar que é no mínimo ridículo (ou retardado) ela continuar escrevendo os tais e-mails para Alice sendo que ela sabia que eles estavam voltando? Aquelas crises de choro que duraram meses ou os urros nos sonhos são coisas exageradas? O lance foi sentar, relaxar e gozar, seguindo conselho inestimável de nossa mamita, e deu certo. A ponto de querer ler? Não, não. Mas a ponto de querer ver o próximo, até porque a suspeita de uma coisa meio gay entre Edward e Jacob me divertiu, e quero ver como seria um casamento entre duas pessoas (ou algo assim) que se amam, só deram uns 4 beijos, se eu contei direito, e nunca foram pra cama.
Acabou que saí da casa da Maíra, e depois do cinema do Bourbon, com vontade de ver o próximo, e me perguntado ao mesmo tempo o que tinha acontecido comigo. Eu peguei gosto pelos filmes do Arnold Schwarzenegger quando era pequeno, e ele fez mesmo alguns dos marcos no seu gênero (Predador, Comando Para Matar e True Lies, por exemplo), mas pegar certo gosto pelos vampiros, Bella e os lobisomens me fez pensar se eu bati a cabeça e não me lembro.